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A CONFISSÃO
A Confissão
Confissão,
Sacramento da Penitência ou Reconciliação, é a aplicação imediata a cada
cristão da copiosa Redenção que Jesus conquistou para toda a humanidade.
É o momento em que o Seu Sagrado Coração se dilata de amor e misericórdia
para com qualquer pecador arrependido que venha a Ele pedir perdão. No
Sacramento o sacerdote perdoa-nos “em Nome de Cristo” e pela autoridade
que Ele conferiu somente à Igreja Católica.
A
fórmula da absolvição que o Sacerdote da Igreja latina usa, exprime os
elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte
de todo o perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de
seu Filho e pelo dom do seu Espírito, através da oração e ministério da
Igreja: “Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu
Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para
remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a
paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.”
O
Catecismo da Igreja ensina que: §1446 – “Cristo instituiu o sacramento da
Penitência para todos os membros pecadores da sua Igreja, antes de tudo
para aqueles que, depois do Baptismo, cometeram pecado grave e com isso
perderam a graça baptismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o
sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de se converter e
de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este
sacramento como “a Segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é
a perda da graça”.
Os seus efeitos
1468 -
Toda a força da Penitência reside no facto de ela nos reconstituir na
graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade` (Cat. R. 2,5,18).
Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento é a reconciliação com
Deus. Os que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e
disposição religiosa, `podem usufruir da paz e tranquilidade da
consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação
espiritual`(Conc. Trento, DS, 1674). Com efeito, o sacramento da
Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira `ressurreição
espiritual`, uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos
de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus (Lc 15,32).
Reconciliação com a Igreja
1469 -
Este sacramento reconcilia-nos com a Igreja. O pecado rompe ou quebra a
comunhão fraterna. O sacramento da Penitência repara ou restaura esta comunhão.
Neste sentido, ele não cura apenas aquele que é restabelecido na comunhão
eclesial, mas também um efeito vivificante sobre a vida da Igreja, que
sofreu com o pecado de um dos seus membros (1Cor 12,26). Restabelecido ou
confirmado na comunhão dos santos, o pecador sai fortalecido pela
participação dos bens espirituais de todos os membros vivos do Corpo de
Cristo, quer estejam ainda em estado de peregrinação ou já estejam na
pátria celeste (LG 48-50):
Não
devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como consequência, por
assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas
ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo
no íntimo mais profundo do seu ser, onde recupera a própria verdade
interior; reconcilia-se com os irmãos que de alguma maneira ofendeu e
feriu; reconcilia-se com a Igreja; e reconcilia-se com toda a criação (RP
31).
Juízo particular antecipado
1470 -
Neste sacramento, o pecador, entregando-se ao julgamento misericordioso
de Deus, antecipa de certa maneira o julgamento a que será sujeito no fim
desta vida terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a
escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos
entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave (1 Cor 5,11; Gl
5, 19-21; Ap 22,15). Convertendo-se a Cristo pela penitência e pela fé, o
pecador passa da morte para a vida sem ser julgado (Jo 5,24).
O sigilo do sacramento
2490 - O
sigilo do sacramento da Reconciliação é sagrado e não pode ser traído sob
nenhum pretexto. O sigilo sacramental é inviolável; por isso, não é
lícito ao confessor revelar o penitente, com palavras, ou de qualquer
outro modo, por nenhuma causa (CDC, cân. 983,1).
Penitência
Definição
A Penitência é a volta. Quase todo o dia a gente cai e se
levanta. Pequenas quedas e grandes tombos. Ninguém quer ficar no chão. A
gente pisa em falso porque não enxerga bem os passos e o caminho de
Jesus. Erramos o caminho. Atrapalhamos a caminhada uns dos outros. Deus
sempre dá a mão para a gente se deixar reconduzir. No sacramento da
Penitência celebramos a coragem de pegar de novo na mão de Deus e voltar
a andar no caminho dele, que é o caminho da irmandade.
Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da
misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são
reconciliados com a Igreja que feriram ao pecar, e a qual colabora para a
sua conversão com caridade, exemplo e orações. A confissão consiste num
sacramento instituído por Jesus Cristo no qual o sacerdote perdoa os
pecados cometidos depois do baptismo.
Sobre o sacramento da Confissão, devemos
analisar o seguinte:
Os homens pecam
Diz a
Sagrada Escritura: "O justo cai sete vezes por dia" (Prov 24,
16). E se o próprio justo cai sete vezes, que será do pobre que não é
justo?
"Não há homem que não peque" (Ecl 7, 21).
"Aquele que diz que não tem pecado faz Deus mentiroso" (1 Jo 1,
10).
O "Livre Arbítrio" humano permite ao homem realizar actos
contrários ao seu criador.
É necessário obter o perdão dos pecados
"Nesta
porta do Senhor, só o justo pode entrar" (Sl 117, 20).
"Não sabeis que os pecadores não possuirão o reino de Deus?" (1
Cor 6, 9).
Portanto, para entrar no Reino de Deus, é necessário obter o perdão dos
pecados.
Jesus instituiu um sacramento
Qual é o
meio que existe para alcançar o perdão dos pecados? Diz São João:
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e purificar-nos de toda a injustiça" (1 Jo 1, 8).
Todavia, "aquele que esconde os seus crimes não será purificado;
aquele, ao contrário, que se confessar e deixar os seus crimes, alcançará
a misericórdia" (Prov. 38, 13). "Não vos demoreis no erro dos
ímpios, mas confessai-vos antes de morrer" (Ecl 17, 26).
A
confissão não é nova, já existia no Antigo Testamento, mas foi elevada à
dignidade de Sacramento por Jesus, que conhecia a fraqueza humana e
desejava salvar os seus filhos.
No dia
da ressurreição, como para significar que a confissão é uma espécie de
ressurreição espiritual do pecador, "apareceu no meio dos
apóstolos... e, mostrando-lhes as mãos e o seu lado... disse-lhes: A paz
esteja convosco. Assim como meu Pai me enviou, eu vos envio a vós.
...soprando sobre eles: recebei o Espírito Santo... Àqueles a quem
perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os
retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 21, 21-23). O mesmo texto
encontra-se em S. Mateus (Mt 28, 20).
Como
tudo é claro! Jesus tinha o poder de perdoar os pecados, como se
despreende de S. Mateus (Mt 9, 2-7). Ele transmite esse poder aos seus
Apóstolos dizendo: "assim como o Pai me enviou", isto é, com o
poder de perdoar os pecados, "assim eu vos envio a vós", ou
seja, dotados do mesmo poder. E para dissipar qualquer dúvida, continua:
"soprando sobre eles: Recebei o Espírito Santo..." como se
dissesse: Recebei um poder divino... só Deus pode perdoar pecados: pois
bem... "Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados,
e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 21, 21-23).
A
conclusão é rigorosa: Cristo podia perdoar os pecados. Ele comunicou este
poder aos Apóstolos e por eles aos sucessores dos Apóstolos: pois a
Igreja é uma sociedade "que deve durar até ao fim do mundo" (Mt
28, 20).
O livro dos Actos dos Apóstolos refere que quem se convertia "vinha
fazer a confissão das suas culpas" (Act 19, 18).
A confissão deve ser feita a um padre
Pelo
próprio livro dos Actos dos Apóstolos, quando se afirma que o convertido
"vinha fazer a confissão", fica claro que era necessário a
pessoa deslocar-se para realizar a confissão junto dos Apóstolos, pois o
verbo "vir" é usado por quem recebe a visita do penitente. Se a
confissão fosse directa com Deus, bastaria pedir perdão dos seus pecados,
sem precisar de ‘ir' até à Igreja.
Aliás, S. Tiago é explícito a este respeito: "confessai os vossos
pecados uns aos outros, diz ele, e orai uns pelos outros, a fim de que
sejais salvos" (Tgo 5, 16). Isto é, confessai os vossos pecados a um
homem, que tenha recebido o poder de os perdoar. De qualquer forma, a
instituição do Sacramento deixa claro o poder que Nosso Senhor conferiu à
sua Igreja.
Sem a vontade de se confessar com um outro homem, o pecador demonstra que
o seu arrependimento não é profundo, pois ele não se envergonha mais de
ofender a Deus do que de expor a sua honra. No fundo, ama a si mesmo mais
do que a Deus e pode estar a cometer um outro pecado, ainda mais grave,
contra o primeiro mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas.
Contrição e Atrição
A
Contrição consiste em pedir o perdão dos seus pecados por amor de Deus. A
atrição, por sua vez, consiste em pedir o perdão dos pecados por temor do
inferno.
A
primeira, contrição (chamada contrição perfeita), apaga os pecados da
pessoa antes mesmo da confissão. Todavia, só é verdadeira se há a
disposição de se confessar com um padre. Foi desta forma que se salvaram
os justos do Antigo Testamento. A atrição só é válida através do
sacramento da confissão, o qual é eficaz mesmo se há apenas "medo do
inferno".
Ninguém duvida de que o sincero arrependimento dos pecados, com firme
propósito de não pecar mais, e satisfação feita a Deus e aos
prejudicados, eram, no Antigo Testamento, condições necessárias e
suficientes para obter o perdão de Deus. O mesmo vale ainda hoje para
todos os que desconhecem Nosso Senhor Jesus Cristo e o seu Evangelho
(desde que sigam a Lei Natural) e para os que não têm como se confessar
(desde que tenham um acto de contrição perfeita). Mas quem, no seu
orgulho, não acredita nas palavras de Cristo Ressuscitado, com as quais
ele instituiu o sacramento da penitência, e por isso não se quer
confessar, não receberá o perdão, pois não ama a Deus verdadeiramente.
Cada
pecado é um acto de orgulho e desobediência contra Deus. Por isso
"Cristo humilhou-se e tornou-se obediente até à morte, e morte na
Cruz" (Flp 2, 8) para expiar o orgulho e a desobediência dos nossos
pecados, e nos merecer o perdão. Por isso ele exige de nós este acto de
humildade e de obediência, na Confissão sacramental, na qual confessamos
os nossos pecados diante do seu representante, legitimamente ordenado. E,
conforme a sua promessa: "Quem se humilha, será exaltado, e quem se
exalta, será humilhado" (Lc 18, 14).
Portanto,
todos os homens necessitam da misericórdia divina; e os sinceros
seguidores da Bíblia recebem-na, agradecidos, no sacramento da Confissão.
Acto de contrição
"Meu
Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração,
pesa-me de Vos ter ofendido e com o auxílio da vossa divina graça,
proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e
espero o perdão das minhas culpas, pela vossa infinita misericórdia.
Amém.
O que é necessário para ser eficaz uma
confissão?
1.
Exame de consciência sobre as faltas cometidas desde a úiltima confissão
2. Ter arrependimento (atrição ou contrição);
3. Propósito de não recair no pecado e de evitar as
circunstâncias que o favoreçam;
4. Confessar-se sem omitir nada;
5. Cumprir a penitência estabelecida pelo confessor.
Perguntas e Respostas sobre Confissão
1. O que é o sacramento da Penitência?
O
sacramento da Penitência, ou Reconciliação, ou Confissão, é o sacramento
instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para apagar os pecados cometidos
depois do Baptismo. É, por conseguinte, o sacramento da nossa cura
espiritual, chamado também sacramento da conversão, porque realiza
sacramentalmente o nosso retorno aos braços do Pai depois que nos
afastámos com o pecado.
2. É possível obter o perdão dos pecados
mortais sem a confissão?
Depois
do Baptismo não é possível obter o perdão dos pecados mortais sem a
Confissão, embora seja possível antecipar o perdão com a contrição
perfeita acompanhada do propósito de se confessar.
3. E se depois de feita a constrição a
pessoa não se confessa?
Quem se
comporta desta maneira comete uma falta grave. Pois todos os pecados
mortais cometidos depois do baptismo devem ser acusados na Confissão.
4. O que se requer para fazer uma boa
confissão?
Para
fazer uma boa confissão é necessário: fazer um cuidadoso exame de
consciência, arrepender-se dos pecados cometidos e o firme propósito de
não os cometer mais (contrição), dizer os outros pecados ao sacerdote
(confissão), e cumprir a penitência (satisfação).
5. O que é o exame de consciência?
O exame
de consciência é a diligente procura dos pecados cometidos depois da
última Confissão bem feita.
6. No exame de consciência é necessário
ter exacto o número dos pecados?
Dos
pecados graves ou mortais é preciso acusar também o número, porque cada
pecado mortal deve ser dito na confissão.
7. O que é a dor dos pecados?
A dor
dos pecados é o sincero pesar e a repulsa dos pecados cometidos.
8. De quantos tipos é a dor?
A dor é
de dois tipos: dor perfeita (ou contrição) e dor imperfeita (ou atrição).
9. Quando se tem dor perfeita ou
contrição?
Tem-se a
dor perfeita ou contrição quando se arrepende dos próprios pecados porque
se ofendeu a Deus, imensamente bom e digno de ser amado: quando a dor
nasce do amor desinteressado a Deus, quer dizer, da caridade.
10. Quando se tem a dor imperfeita ou
atrição?
Tem-se a
dor imperfeita ou atrição quando o arrependimento, assim que inspirado
pela fé, tem motivações menos nobres: por exemplo, quando nasce da
consideração da desordem causada pelo pecado, ou pelo temor da condenação
eterna (Inferno) e das penas que o pecador pode receber.
11. Pela dor dos pecados obtém-se
imediatamente o perdão?
A dor
perfeita unida ao propósito de se confessar obtém imediatamente o perdão;
a dor imperfeita só se obtém, pelo contrário, na confissão sacramental.
(Nota: o Catecismo ressalta que ainda que se ache estar em contrição
perfeita, que já perdoaria o pecado, deve-se receber a eucaristia apenas
após realizar a confissão)
12. É necessário arrepender-se de todos
os pecados cometidos?
Para a
validade da confissão é suficiente arrepender-se de todos os pecados
mortais, mas para o progresso espiritual é necessário arrepender-se
também dos pecados veniais.
13. Um verdadeiro arrependimento requer
também o propósito de abandonar o pecado?
O
arrependimento certamente olha para o passado, mas implica
necessariamente um empenho para o futuro com a firme vontade de não
cometer nunca mais o pecado.
14. Pode-se ter um verdadeiro
arrependimento se a gente prevê que antes ou depois tornará a cair em
pecado?
A
previsão do pecado futuro não impede que se tenha o propósito sincero de
não o cometer mais, porque o propósito depende só do conhecimento que nós
temos da nossa fraqueza.
15. O que é a confissão?
A
confissão é a manifestação humilde e sincera dos próprios pecados ao
sacerdote confessor.
16. Quais pecados são obrigatórios
confessar?
Estamos
obrigados a confessar todos e cada um dos pecados graves, ou mortais,
cometidos depois da última confissão bem feita.
17. Quais são os pecados mortais mais
freqüentes?
As
faltas objectivamente mortais mais frequentes são (seguindo a ordem dos
mandamentos): praticar de qualquer modo a magia; blasfemar; perder a
Missa dominical ou nas festas de preceitos sem um motivo sério; tratar
mal os próprios pais ou superiores; matar ou ferir gravemente uma pessoa
inocente; procurar directamente o aborto; procurar o prazer sexual e
solitário ou com outras pessoas que não sejam o próprio cônjuge; para os
cônjuges, impedir a concepção no acto conjugal; roubar alguma soma
relevante, inclusive desviando ou subtraindo no trabalho; murmurar
gravemente sobre o próximo ou caluniá-lo; cultivar voluntariamente
pensamentos ou desejos impuros; faltar gravemente com o próprio dever;
aproximar-se da Sagrada Comunhão em estado de pecado mortal; omitir
voluntariamente um pecado grave na confissão.
18. Se a pessoa esquece um pecado
mortal, obtém igualmente o perdão na confissão?
Se a
pessoa esquecer um pecado mortal, pode obter igualmente o perdão, mas na
confissão seguinte deve confessar o pecado esquecido.
19. Se a pessoa omitir voluntariamente
um pecado mortal obtém o perdão dos outros pecados?
Se uma
pessoa, por vergonha ou por outros motivos, omite um pecado mortal, não
só não obtém nenhum perdão, mas também comete um novo pecado de
sacrilégio, o de profanação de uma coisa sagrada.
20. Há obrigação de confessar os pecados
veniais?
A
confissão dos pecados veniais não é necessária, mas é muito útil para o
progresso da vida cristã.
21. O confessor deve dar sempre a
absolvição?
O
confessor deve dar sempre a absolvição se o penitente estiver bem
disposto, quer dizer, se estiver sinceramente arrependido de todos os
seus pecados mortais. Se pelo contrário, o penitente não está bem
disposto, não tendo a dor ou o propósito de emenda, então o confessor não
pode e não deve dar a absolvição.
22. O que deve fazer o penitente depois
da absolvição?
O
penitente depois da absolvição deve cumprir a penitência que lhe foi
imposta e reparar os danos que os seus pecados eventualmente tiverem
causado ao próximo (por exemplo, deve restituir o roubado).
23. Quais são os efeitos do sacramento
da Penitência?
São a
reconciliação com Deus e com a Igreja, a recuperação da graça
santificante, o aumento das forças espirituais para caminhar para a
perfeição, a paz e a serenidade da consciência com uma viva consolação do
espírito.
24. Como se pode superar a dificuldade
que se sente em se confessar?
Que tem
dificuldades para se confessar deve considerar que o sacramento da
Penitência é um dom maravilhosos que o Senhor nos deu. No “tribunal” da
Penitência o culpado nunca é condenado, mas sempre absolvido. Pois quem se
confessa não se encontra com um simples homem, mas com Jesus, o qual,
presente no seu ministro, como fez com o leproso do Evangelho (Mc 1,
40ss.) também hoje nos toca ou nos cura; e, como fez com a menina que
jazia morta nos toma pela mão repetindo as palavras: “Talita kumi,
menina, eu te digo, levanta-te!” (Mc 5, 41).
25. A confissão ajuda-nos também no
caminho da virtude?
A
confissão é um meio extraordinariamente eficaz para progredir no caminho
da perfeição. Com efeito, além de nos dar a graça própria do sacramento,
faz-nos exercitar as virtudes fundamentais da nossa vida cristã.
A
humildade acima de tudo, que é a base de todo o edifício espiritual,
depois a fé em Jesus Salvador e nos seus méritos infinitos, a esperança
do perdão e da vida eterna, o amor a Deus e ao próximo, a abertura do
nosso coração à reconciliação com quem nos ofendeu. Enfim, a sinceridade,
a separação do pecado e o desejo sincero de progredir espiritualmente.
O Santo Cura d’Ars, sobre a confissão
dizia:
“O bom
Deus sabe tudo. Ainda antes de vos confessardes, já sabe que voltareis a
pecar e todavia perdoa-vos. O seu amor é tão grande que vai ao ponto de
esquecer voluntariamente o futuro só para poder perdoar-vos agora!”
Por tudo
isto, o Santo Cura d’Ars passava longas horas a confessar. Até lhe chamavam “o grande hospital de almas”.
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Exame de consciência
Para
pensares: A confissão é um sacramento e por isso é preciso preparares-te
bem.
Evita conversar ou distrair-te. Coloca-te na presença de Deus e pede o
auxílio do Espírito Santo para fazeres bem o teu exame de consciência.
Depois aproxima-te do confessor (que representa Cristo) com confiança e
humildade. Sem rodeios confessa os teus pecados chamando-os pelo nome, sem
citar nomes de pessoas ou entrando em detalhes desnecessários nem mesmo
omitindo coisas importantes.
Há quanto tempo eu não me confesso?
Para com Deus:
Amei o
Senhor procurando conhecê-lo e servi-lo? Duvidei de Deus, duvidei da
minha fé? Deixei de esperar em Deus colocando a minha confiança somente
nas minhas ideias, nas coisas ou nas pessoas? Quis salvar-me sozinho,
esperando somente nas minhas capacidades ou virtudes? Fui indiferente e ingrato para com Deus? Hesitei em responder à
vontade divina? Revoltei-me contra Deus? Passei a viver como se Ele não
existisse, me amasse e cuidasse de mim? Prestei culto de adoração ao
pecado e aos ídolos deste mundo?
Rezei com perseverança, assiduidade e
devoção? Cumpri
os votos e promessas que fiz ao Senhor? Fui supersticioso (acreditei em
horóscopos, amuletos, etc.)? Pratiquei a adivinhação, o espiritismo e a
magia? Coloquei Deus à prova? Pratiquei sacrilégio (profanei ou tratei
indignamente os sacramentos ou lugares sagrados?) Invoquei o nome de Deus
com desrespeito ou em vão? Disse blasfémias ou lancei pragas em nome de
Deus? Fiz juramentos falsos? Respeitei o domingo como dia do Senhor (dia
de descanso, de oração e de fraternidade?) Participei integralmente da
celebração eucarística com atenção e devoção? Participei na Santa Missa
nos dias santos?
Para com o próximo e para consigo mesmo:
Amei,
honrei e respeitei os meus pais e todos aqueles que possuem autoridade
sobre mim? Dialoguei, ajudei verdadeiramente estas pessoas de modo a não
me tornar um peso para elas? Fui arrogante e desobediente? Amei, ajudei e
busquei o bem dos meus filhos e dos que dependem de mim? Fui arrogante e
autoritário com eles? Usei da minha autoridade para me promover ou para
simplesmente os manipular? Procurei tomar consciência dos valores a serem
vividos na política e na sociedade de modo a participar na transformação
do mundo?
Matei
alguém? Pratiquei o aborto, desejei a morte de alguém? Tentei o suicídio?
Esqueci que a vida é dom de Deus e que eu sou administrador e não dono da
minha vida? Dei escândalo, isto é, dei mau exemplo levando os outros a
pecar (com as minhas palavras, as minhas atitudes, o meu jeito de vestir,
de falar? Cuidei da minha saúde e da saúde dos outros? Fui vaidoso?
Exagerei na comida ou estraguei a minha saúde com o álcool, com o fumo?
Usei drogas (o que é falta grave)? Respeitei e amei os doentes, os mais
fracos, os necessitados e pobres? Fiz distinção das pessoas?
Discriminei
as pessoas por serem de outra cor, por serem de outra religião ou por
pensarem de modo diferentes ou por serem pobres ou marginalizadas?
Perdoei sinceramente a quem me ofendeu? Guardei mágoas, ressentimentos?
Julguei os outros pela aparência? Cultivei antipatias? Desprezei alguém?
Usei de agressividade e desrespeito com os outros? Fui agressivo,
arrogante, intolerante, mal-educado? Cultivei a ira, o ódio? Falei mal
das pessoas (especialmente das ausentes) em vez de conversar com a pessoa
interessada? Caluniei alguém? Disse mentiras? Procurei dialogar em vez de
discutir?
Procurei
ouvir as pessoas? Aceitei as críticas construtivas? Exibi-me, quis
aparecer? Procurei o aplauso ou o reconhecimento dos outros? Tentei
ajudar os outros com o meu conselho, com as minhas atitudes concretas de
ajudas (materiais e espirituais) possíveis? Fui apegado a coisas materiais?
Idolatrei o dinheiro? Roubei, furtei ou desviei dinheiro ou bens
materiais a que não tinha direito? Falei mal das pessoas, humilhei-as?
Respeitei os bens do próximo (as suas coisas materiais, as suas virtudes
e as capacidades, as pessoas que estão junto delas?), tive inveja,
cobicei os bens do próximo?
Cumpri
com responsabilidade e dedicação os meus deveres (profissionais, de
estudante)? Fui preguiçoso, ocioso, acomodado? Respondi positivamente e
vivi a minha vocação (o convite que Deus me fez)? Guardei a castidade do
meu corpo e a pureza da minha alma? Cultivei deliberadamente pensamentos
impuros e que desonram a sexualidade querida por Deus? Olhei de modo
indecente ou cobiçoso as mulheres ou homens? Vi revistas ou assisti a
programas pornográficos?
Pratiquei
a masturbação? Tive namoros indecentes, com carícias exageradas ou
intimidades que não são lícitas para namorados e noivos? Namorei sem compromisso só para me satisfazer com o outro? Pratiquei
sexo usando crianças? Usei de
métodos anti-conceptivos condenados pela Igreja? Fui fiel ao meu esposo
(a) em olhares, atitudes, pensamentos, comportamentos? Acolhi com fé e
amor os filhos que Deus me envia?
- Após
fazeres o teu exame de consciência, procura um sacerdote, sem medo, e
deixa-te ser acolhido, envolvido totalmente na misericórdia de Jesus que
não te condena, mas que te acolhe e te levanta para recomeçares de novo a
vida.
Depois da confissão: escuta atentamente os conselhos do confessor e
responde com sinceridade as perguntas que ele eventualmente te fizer.
Reza em
seguida o acto de contrição.
ACTO DE CONTRIÇÃO:
MEU
DEUS, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração,
pesa-me de Vos ter ofendido e com o auxílio da vossa graça proponho
firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o
perdão das minhas culpas pela vossa infinita misericórdia. Ámen.
Ou
- Meu
Deus, porque sois tão bom; tenho muita pena de Vos ter ofendido;
ajudai-me a não tornar a pecar.
Recebe a absolvição (o perdão que o sacerdote te dará em nome de Deus).
A
seguir, não te distraias, nem vás conversar. Coloca-te em oração e cumpre
a penitência mandada pelo sacerdote. Depois agradece a Deus porque Ele
foi misericordioso e bondoso para contigo, perdoando mais uma vez os teus
pecados.
DEIXAI-VOS
RECONCILIAR COM DEUS
“Àqueles
a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os
retiverdes, ser-lhes-ão retidos”. (São João 20,23)
O
Sacramento da Confissão ou penitência é realmente fonte de cura e
libertação dos corpos e das almas. Através dos Sacramentos Jesus continua
pela Igreja a ministrar o Seu poder salvador aos homens, pois a igreja é
o grande sacramento no mundo, sinal da salvação, da cura e da libertação
dos homens e mulheres, que através do pecado estão cativos, mas a misericórdia
de Deus é eterna e não se deixa vencer em generosidade. O AMOR DE DEUS
CURA E LIBERTA ATRAVÉS DO PERDÃO SACRAMENTAL!
O que
diz a Igreja: Catecismo da Igreja Católica:
S.6.21.5 Sacramentos de cura
§1420
Pelos sacramentos da iniciação cristã, o homem recebe a vida nova de
Cristo. Ora, esta vida nós a trazemos “em vasos de argila” (2Cor 4,7).
Agora, ela ainda se encontra “escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3).
Estamos ainda na “nossa morada terrestre”, sujeitos ao sofrimento, à
doença e à morte. Esta nova vida de filhos de Deus pode se tornar
debilitada e até perdida pelo pecado.
§1421 O
Senhor Jesus Cristo, médico das nossas almas e dos nossos corpos, que
remiu os pecados do paralítico e lhe restituiu a saúde do corpo, quis que
a sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, a sua obra de cura
e de salvação, também junto dos seus próprios membros. É esta a
finalidade dos dois sacramentos de cura: o sacramento da Penitência e o
sacramento da Unção dos Enfermos.
S.6.21.9 Sacramentos que perdoam os pecados
§977
Nosso Senhor ligou o perdão dos pecados à fé e ao Baptismo: “Ide por todo
o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura. Aquele que crer e for
baptizado será salvo”. (Mc 16,15.16).
§987 “Na
remissão dos pecados, os presbíteros e os sacramentos são meros
instrumentos dos quais nosso Senhor Jesus Cristo, único autor e
dispensador da nossa salvação, se apraz em se servir para apagar as
nossas iniquidades e dar-nos a graça da justificação”.
Uma
senhora que há cinco anos estava escrava de uma situação, pois não tinha
coragem de se confessar, até tentou, mas quando chegava diante do
sacerdote não conseguia, pois tinha vergonha. Mas confessou-se e quando
se confessava chorava e dizia: “Estou a experimentar a cura e a
libertação que é algo muito diferente, é como se um grande nó
estivesse a descer na minha garganta e um peso fosse tirado das minhas
costas!”. Se ela soubesse que seria tão bom e grande a libertação, ela
teria enfrentado isto antes, pois pecado que não é perdoado é pecado que
não é confessado.
Um jovem
tinha um vício que conseguiu banir quando encontrou Jesus através do
grupo de jovens e neste grupo descobriu também a graça da confissão: o
seu director até de noite lhe atendia as suas confissões. Foi uma grande
terapia de cura, confissão e aconselhamento. Hoje, embora vigilante sobre
o assunto, está livre. Foram gotas de cura interior que recebia em cada
confissão, sem falar da formação e do Dom da Fortaleza que recebia depois
de assumir as próprias fraquezas.
Oração para invocar o Espírito Santo a
pedir a graça de um coração contrito, arrependido
Vem
Espírito Santo e ilumina a minha consciência e prepara o meu coração para
fazer uma boa confissão, não quero esquecer nada e muito menos ficar com
respeito humano ou com medo de Deus, vergonha dos meus pecados. Na
confissão Jesus misericordioso está de braços abertos para me acolher
como um filho pródigo e perdoar todos os meus pecados, lavar com o Seu
sangue e curar as minhas feridas. Maria encaminha os meus passos para
experimentar a cura e a libertação através da confissão. Amém.
Confissão:
Confesso
a Deus todo-poderoso e a vós irmãos que eu pequei muitas vezes por
pensamentos e palavras, actos e omissões por minha culpa, minha tão
grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos e a vós irmãos,
que rogueis por mim a Deus nosso Senhor.
Que pecado é mais difícil de combater?
"Se
reconhecermos os nossos pecados, Deus está aí, fiel e justo para nos
perdoar e para nos purificar de toda iniquidade" (I Jo 1,9). Superar
o pecado é uma luta que travamos todos os dias. O mundo oferece-nos
milhares de tentações desde que acordamos.
Qual o pecado mais difícil de combater
no dia-a-dia?
"Filho,
pecaste? Não o faças mais. Mas ora pelas tuas faltas passadas, para que
te sejam perdoadas. Foge do pecado com se foge duma serpente; porque, se
dela te aproximares, ela te morderá. Os seus dentes são dentes de leão,
que matam as almas dos homens. Todo o pecado é como uma espada de dois
gumes: a chaga que ele produz é incurável. O ultraje e a violência destroem
as riquezas. A mais rica mansão arruína-se pelo orgulho; assim será
desenraizada a riqueza do orgulhoso. A oração do pobre eleva-se da sua
boca até aos ouvidos (de Deus), (e Deus) apressar-se-á em lhe fazer
justiça. Aquele que odeia a correcção segue os passos do pecador, aquele
que teme a Deus volta ao seu próprio coração. De longe é conhecido o
poderoso de linguagem insolente, mas o homem sábio sabe como se descartar
dele" (Eclo 21, 1-8).
Às
vezes, durante a confissão, tentamos tirar uma das máscaras, mas
acontece, em geral, que só conseguimos tirar parte dela. Assim lutamos
connosco mesmos e, embora o confessor procure ajudar-nos, não pode
substituir-se a nós. É o penitente quem tem de confessar-se e não o
confessor. Este tem de respeitar a nossa liberdade. A luta interior,
relacionada com o tirar da máscara, pode constituir uma prova difícil.
Há quem fracasse com frequência neste ponto. Um dia, porém, quando com
confiança se abrirem à Misericórdia divina, desvendarão, já sem qualquer
respeito humano, a verdade acerca de si mesmos e confessarão,
abertamente, que são pecadores.
O Sacramento da Reconciliação tornar-se-á, então, para eles, um
verdadeiro toque de Deus.
Não tenhas medo da confissão.
Não te esqueças que a melhor confissão é aquela em que desvendas com
confiança o abismo da tua miséria.
Não tenhas medo: o sacerdote não vai fugir assustado com os teus pecados.
E mesmo que fugisse, Deus não ia deixar de amar-te. A Deus não deves
temer.
Ele sabe muito bem o que guardas no teu íntimo. Aqui, trata-se apenas de
quereres ser como o publicano e de, confiando na Misericórdia divina,
quereres conhecer que espécie de vaso és.
Catequese sobre o Sacramento da
Confissão
Para
viver uma boa confissão
1. O QUE
É A CONFISSÃO?
Confissão ou Penitência é o Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus
Cristo, para que os cristãos possam ser perdoados dos seus pecados e
receberem a graça santificante. Também é chamado de sacramento da
Reconciliação.
2. QUEM INSTITUIU O SACRAMENTO DA CONFISSÃO OU PENITÊNCIA?
O sacramento da Penitência foi instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo nos ensina o Evangelho de São João: "Depois Jesus soprou
sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem
perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os
retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20, 22-23).
3. A IGREJA TEM A AUTORIDADE PARA PERDOAR OS PECADOS ATRAVÉS DO
SACRAMENTO DA PENITÊNCIA?
Sim, a Igreja tem esta autoridade porque a recebeu de Nosso Senhor Jesus
Cristo: "Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será
ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também
desligado no céu" (Mt 18,18).
4. POR QUE ME CONFESSAR E PEDIR O PERDÃO A UM HOMEM IGUAL A
MIM?
Só Deus perdoa os pecados. O Padre, mesmo sendo um homem sujeito às
fraquezas como outros homens, está ali em nome de Deus e da Igreja para
absolver os pecados. Ele é o ministro do perdão, isto é, o intermediário
ou instrumento do perdão de Deus, como os pais são instrumentos de Deus
para transmitir a vida aos seus filhos; e como o médico é um instrumento
para restituir a saúde física, etc.
5. OS PADRES E BISPOS TAMBÉM SE CONFESSAM?
Sim, obedientes aos ensinamentos de Cristo e da Igreja, todos os Padres,
Bispos e mesmo o Papa se confessam com frequência, conforme o mandamento:
"Confessai os vossos pecados uns aos outros" (Tg 5,16 ).
6. O QUE É NECESSÁRIO PARA FAZER UMA BOA CONFISSÃO?
Para se fazer uma boa confissão são necessárias 5 condições:
a) um bom e honesto exame de consciência diante de Deus;
b) arrependimento sincero por ter ofendido a Deus e ao próximo;
c) firme propósito diante de Deus de não pecar mais, mudar de vida,
converter-se;
d) confissão objectiva e clara a um sacerdote;
e) cumprir a penitência que o padre nos indicar.
7. COMO DEVE SER A CONFISSÃO?
Dizer o tempo transcorrido desde a última confissão. Acusar os seus
pecados com clareza, primeiro os mais graves, depois os mais leves. Falar
resumidamente, mas sem omitir o necessário. Devemos confessar os nossos pecados
e não os dos outros. Porém, se participamos ou facilitamos de alguma
forma o pecado alheio, também cometemos um pecado e devemos confessá-lo
(por exemplo, se aconselhamos ou facilitamos alguém a praticar um aborto,
somos tão culpados como quem cometeu o aborto).
8. O QUE PENSAR DA CONFISSÃO FEITA SEM ARREPENDIMENTO OU SEM PROPÓSITO DE
CONVERSÃO, OU SEJA, SÓ PARA "DESCARREGAR" UM POUCO OS PECADOS?
Além de ser uma confissão totalmente sem valor, é uma grave ofensa à
Misericórdia Divina. Quem a pratica comete um pecado grave de sacrilégio.
9. QUE PECADOS SOMOS OBRIGADOS A CONFESSAR?
Somos obrigados a confessar todos os pecados graves (mortais). Mas é
aconselhável também confessar os pecados leves (veniais) para exercitar a
virtude da humildade.
10. O QUE SÃO PECADOS GRAVES (MORTAIS) E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS?
São ofensas graves a Deus ou ao próximo. Eles apagam a caridade no
coração do homem e o desviam de Deus. Quem morre em pecado grave (mortal)
sem arrependimento, merece a morte eterna, conforme diz a Escritura:
"Há pecado que leva à morte" (1Jo 5,16b).
11. O QUE SÃO PECADOS LEVES (ou também chamados de VENIAIS)?
São ofensas leves a Deus e ao próximo. Embora ofendam a Deus, não
destroem a amizade entre Ele e o homem. Quem morre em pecado leve não
merece a morte eterna. "Toda a iniquidade é pecado, mas há pecado
que não leva à morte" (1Jo 5, 17).
12. ALGUNS EXEMPLOS DE PECADOS GRAVES
São pecados graves, por exemplo: O assassinato, o aborto provocado,
assistir ou ler material pornográfico, destruir de forma grave e injusta
a reputação do próximo, oprimir o pobre, o órfão ou a viúva, fazer mau
uso do dinheiro público, o adultério, a fornicação, entre outros.
13. TODO AQUELE QUE MORRE EM PECADO MORTAL ESTÁ CONDENADO?
Merece a condenação eterna. Porém, somente Deus, que é justo e
misericordioso e que conhece o coração de cada pessoa, pode julgar.
14. E SE TENHO DÚVIDAS SE COMETI PECADO GRAVE OU NÃO?
Para que haja pecado grave (mortal) é necessário:
a) conhecimento, ou seja, a pessoa deve saber, estar informada que o acto
a ser praticado é pecado;
b) consentimento, ou seja, a pessoa tem tempo para reflectir, e escolhe
(consente) cometer o pecado;
c) liberdade, isto é, significa que somente comete pecado quem é livre
para fazê-lo;
d) matéria, ou seja, significa que o acto a ser praticado é uma ofensa
grave aos Mandamentos de Deus e da Igreja.
Estas 4 condições também são aplicáveis aos pecados leves, com a
diferença que neste caso a matéria é uma ofensa leve contra os Mandamentos
de Deus.
15. SE ME ESQUECI DE CONFESSAR UM PECADO QUE JULGO GRAVE?
Se esquecestes realmente, o Senhor perdoou-te, mas é preciso acusá-lo ao
sacerdote na próxima confissão.
16. E SE NÃO SINTO REMORSO, COMETI PECADO?
Não sentir peso na consciência (remorso) não significa que não tenhamos
pecado. Se cometemos livremente uma falta contra um Mandamento de Deus,
de forma deliberada, nós cometemos um pecado. A falta de remorso pode ser
um sinal de um coração duro, ou de uma consciência pouco educada para as
coisas espirituais (por exemplo, um assassino pode não ter remorso por
ter feito um crime, mas o seu pecado é muito grave).
17. A CONFISSÃO É OBRIGATÓRIA?
O católico deve confessar-se no mínimo uma vez por ano, a fim de se
preparar para a Páscoa. Mas somos também obrigados toda a vez que
cometemos um pecado mortal.
18. QUAIS OS FRUTOS DE SE CONFESSAR CONSTANTEMENTE?
Toda a confissão apaga completamente os nossos pecados, até mesmo aqueles
que tenhamos esquecido. E dá-nos a graça santificante, tornando-nos
naquele instante uma pessoa santa. Tranquilidade de consciência, consolo
espiritual. Aumenta os nossos méritos diante do Criador. Diminui a
influência do demónio na nossa vida. Faz criar gosto pelas coisas do
alto. Exercita-nos na humildade e faz-nos crescer em todas as virtudes.
19. E SE TENHO DIFICULDADE PARA CONFESSAR UM DETERMINADO PECADO?
Se somos conhecidos do nosso pároco, devemos neste caso fazer a confissão
com outro padre para nos sentirmos mais à vontade. Em todo o caso, antes
de te confessares conversa com o sacerdote sobre a tua dificuldade. Ele
usará de caridade para que a tua confissão seja válida sem te causar
constrangimentos. Lembra-te: o sacerdote está no lugar de Jesus Cristo!
20. O QUE SIGNIFICA A PENITÊNCIA DADA NO FIM DA CONFISSÃO?
A penitência proposta no fim da confissão é uma expressão de alegria pelo
perdão celebrado.
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Sacramento da penitência e da reconciliação
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O Sacramento da penitência e da reconciliação
O pecado
arrasta ao pecado e a sua repetição gera o vício
A reconciliação torna-se necessária
porque se deu a ruptura do pecado, da qual derivaram todas as outras
formas de ruptura no íntimo do homem e à sua volta.
A reconciliação, portanto, para ser total exige necessariamente a
libertação do pecado, rejeitado nas suas raízes mais profundas.
Por isso, há uma estreita ligação interna, que une conversão e
reconciliação: é impossível dissociar as duas realidades, ou falar de uma
sem falar da outra.
A nova vida da graça, recebida no Baptismo, não suprimiu a fragilidade da
natureza humana nem a inclinação para o pecado (isto é, a
concupiscência). O Senhor ressuscitado instituiu este sacramento, para a
conversão dos baptizados que pelo pecado d’Ele se afastaram. Na tarde de
Páscoa, o Senhor se mostrou aos Apóstolos e lhes disse: «Recebei o
Espírito Santo; àqueles a quem perdoar os pecados serão perdoados, e
àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23).
O pecado é uma ofensa a Deus, na desobediência ao seu amor. Fere a
natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. O pecado
arrasta ao pecado e a sua repetição gera o vício.
Podemos ainda distinguir entre pecado mortal e venial. Comete-se pecado
mortal quando, ao mesmo tempo, há matéria grave, plena consciência e
deliberado consentimento. Este pecado destrói a caridade, priva-nos da
graça santificante e conduz-nos à morte eterna do inferno, se dele não
nos arrependermos. É perdoado ordinariamente mediante os sacramentos do
Baptismos e da Penitência ou Reconciliação.
O pecado venial, que difere essencialmente do pecado mortal, comete-se
quando se trata de matéria leve, ou mesmo grave, mas sem pleno
conhecimento ou sem total consentimento. Não quebra a aliança com Deus,
mas enfraquece a caridade; manifesta um afecto desordenado pelos bens
criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e na
prática do bem moral; merece penas purificadoras temporais.
Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus Apóstolos, aos
Bispos seus sucessores e aos presbíteros seus colaboradores, os quais
portanto se convertem em instrumentos da misericórdia e da justiça de
Deus. Eles exercem o poder de perdoar os pecados no Nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo.
Todo o fiel, obtida a idade da razão, é obrigado a confessar os seus
pecados graves ao menos uma vez por ano e antes de receber a Sagrada
Comunhão. Devem-se confessar todos os pecados ainda não confessados, dos
quais nos recordamos depois dum diligente exame de consciência. A
confissão dos pecados é o único modo ordinário para obter o perdão.
Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às
pessoas, todo o confessor está obrigado a manter o sigilo sacramental,
isto é, o absoluto segredo acerca dos pecados conhecidos em confissão,
sem nenhuma excepção e sob penas severíssimas.
Os
efeitos do sacramento da Penitência são:
- a
reconciliação com Deus e portanto o perdão dos pecados;
- a reconciliação com a Igreja; a recuperação, se perdida, do estado de
graça;
- a remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, ao
menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado;
- a paz e a serenidade da consciência, e a consolação do espírito;
- o acréscimo das forças espirituais para o combate cristão
O apelo à conversão ressoa continuamente na vida dos baptizados os quais
têm a necessidade da conversão. Esta conversão é um empenho contínuo para
toda a Igreja.
Catecismo da Igreja Católica
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Santo António e a confissão
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SANTO ANTÓNIO E A CONFISSÃO
No dia
13 de Junho celebramos a memória de um grande santo português Santo
António. Todos nós o conhecemos como um grande pregador, como o “Santo
dos Milagres”, o “Santo Casamenteiro”, o “Santo dos Objectos Perdidos”,
mas são
poucos os que conhecem a sua faceta de grande confessor.
Na
verdade, S. António tinha dias que confessava sem interrupção desde manhã
cedo até ao pôr-do-sol, sem comer nem apanhar um pouco de ar, apesar de
se encontrar com a saúde bastante debilitada. Ele foi um incansável
pescador de almas e a felicidade que o inundava ao restituir a Luz da
graça divina aos pecadores era tal, que nesses dias se esquecia do
cansaço, do frio, do calor e da fome.
Foi ele
que escreveu: “O sacramento da penitência é chamado “casa de Deus”,
porque aí os pecadores reconciliam-se com Ele, assim como o filho pródigo
se reconcilia com o pai, que o acolhe novamente em casa. É também chamado
“porta do paraíso”, já que, através da confissão, o penitente é levado a
beijar os pés, as mãos, o rosto do Pai Celeste. Oh casa de Deus! Oh
confissão, porta do paraíso! Bem-aventurado quem habita em ti,
bem-aventurado quem entra em ti! Humilhai-vos, meus irmãos e entrai por
esta porta santa”.
Noutra
altura escreveu: “Tal como te confessaste, assim deves emendar-te. Há
muitos que confessam os seus pecados, mas nunca se emendam. O verdadeiro
penitente, por onde quer que vá, deve sempre ter fixo na alma o propósito
de não voltar a cair na culpa.
Há quem se confesse uma única vez por ano, mas seria bom confessar-se
mais frequentemente. De facto, frágeis como somos e inclinados para o
mal, todos os dias nos acontece contrair alguma mancha. A nossa memória,
além disso, é tão escorregadia que tem dificuldade em recordar à noite aquilo
que fez de manhã. Porquê então adiar para amanhã aquilo que seria urgente
fazer hoje? Oh homem, hoje existes; mas amanhã, se calhar, não. Vive e
comporta-te hoje como se amanhã tivesses que morrer. E sempre que absorveres o veneno da culpa, corre imediatamente a
procurar o contra-veneno da sincera e dolorosa confissão”.
Meditemos nestas sábias palavras e
conselhos de Santo António.
Ao longo
dos vários anos de vida de confessor de Santo António, aconteceram
episódios singulares. Fica aqui o mais conhecido:
“Um
habitante de Pádua confessou uma vez que tinha agredido a sua mãe com um
pontapé e, com tal violência que a fez cair por terra. O bem-aventurado
Santo António, que ferozmente detestava a fúria, levado pelo zelo e quase
com horror, exclamou: ‘O pé que bate no pai ou na mãe merecia, sem
dúvida, ser cortado!’ O homem, não tendo compreendido bem tais palavras,
voltou com toda a pressa para casa e imediatamente cortou o seu próprio
pé. A notícia de tão atroz punição divulgou-se imediatamente por toda a
cidade de Pádua e chegou aos ouvidos de Santo António. Ele dirigiu-se
logo para junto daquele homem e depois de uma devota oração, juntou o pé
cortado à perna, fez sobre ela o sinal da cruz e impôs por cima as suas
santas mãos. Imediatamente o pé ficou ‘colado” à perna. O homem
levantou-se com o seu pé intacto e são, louvando e exaltando o Senhor, e
dando graças ao bem-aventurado Santo António, pela tão maravilhosa forma
com que tinha sido curado pela sua intervenção”.
Vemos assim que Santo António, para além de ser grande na pregação, não
era menor no confessionário. Isto vai de encontro aos seus pensamentos:
“De que serve pregar no púlpito a uma multidão de ouvintes, se depois o
confessionário ficar deserto? Seria como ir à caça e regressar com a
bolsa vazia!”.
Peçamos
a Deus que nos envie muitos e santos sacerdotes, com um espírito
confessor como o de Santo António.
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Confissão: a nossa fortaleza
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Confissão: a nossa fortaleza
Jesus cura-nos da paralisia espiritual
Todos os
pormenores que envolveram a cura do paralítico (cf. Mc 2,1-12) são
profundamente significativos. Aquela doença era bem o símbolo da
paralisia espiritual e Jesus, com o Seu poder divino, cura a moléstia do
corpo e da alma. Com efeito, aquele homem saiu a andar, levando a cama em
que o trouxeram a Cristo, que realizou algo ainda mais admirável ao lhe
restituir a saúde da alma: “Os teus pecados estão perdoados”.
Após a
Sua Ressurreição, Cristo, que demonstrou peremptoriamente a Sua
divindade, outorgaria esta faculdade aos apóstolos: “A quem perdoardes os
pecados, estes lhes serão perdoados” (Jo 20,23). Era a instituição do sacramento da penitência, o sacramento da
libertação. Quando alguém
diz que se vai confessar não se trata de um ato qualquer como ir ao
dentista ou a qualquer consultório médico, o que já indica um mal
corporal, mas atitude que se torna necessária para recuperar o bem-estar
físico.
Entretanto,
o sacramento da reconciliação opera uma cura muito mais premente, que não
admite nenhuma dilação, pois trata-se do reencontro pessoal com Aquele
que ama o que errou muito além da sua expectativa. Este sacramento
oferece o perdão das faltas veniais ou graves, sendo remédio espiritual
que fortalece o cristão para os embates contra as investidas do maligno.
Sara as falhas das eivas provenientes dos pecados capitais, sobretudo, do
defeito dominante.
O
sacerdote é apenas um instrumento do Redentor, pois pronuncia, em Seu
nome, a fórmula da absolvição. É Jesus quem cura a paralisia espiritual e
ajuda para a caminhada rumo à Jerusalém celeste, impedindo as más
decisões e as indecisões diante dos ataques demoníacos. O arrependimento
sincero é uma volta medicinal aos erros passados, mas, sobretudo, uma
largada para frente, para vitórias fulgurantes, obstando o cristão a
desistir do mal, na prática das virtudes, na fidelidade à observância dos
mandamentos, no anelo ardente de estar com Deus por toda a eternidade.
Tira-se um fardo pesado e imerge-se no oceano do amor infinito do Ser
Supremo.
Percebe-se
então que há uma diferença enorme entre o perdão dos homens e o do
Criador, pois este é total. O Todo-Poderoso falou por intermédio do
profeta Isaías: “Eu não me lembrarei mais dos teus pecados” (Is 43,25).
Perdão completo que apaga as manchas devidas à fragilidade humana,
benesse ofertada pelo grande amor do Senhor, que é a bondade infinita.
Cumpre lembrar que o ato de dileção dos amigos do paralítico permitiu o
seu encontro com Jesus, encontro que resultou em consequências tão
maravilhosas.
Este é
um apostolado muito abençoado por Jesus, levar os que estão nas trevas do
erro para a luz da anistia divina. Aqueles que se comprimiam ao redor do
Redentor tinham uma confiança formidável n'Ele. Cristo, que lia os
corações, percebia a fidúcia que neles reinava. Primeiro, foram perdoados
os pecados daquele doente, depois seguiu-se a sua cura. Eis porque,
sobretudo, por ocasião de alguma moléstia, é preciso, antes de tudo,
colocar a consciência em paz, mesmo porque os medicamentos só produzirão
o seu efeito total quando a tranquilidade e a imperturbabilidade imperam
dentro do coração. Este não deve estar bloqueado, dado que é todo
processo psicossomático que necessita ser restaurado.
Os
empecilhos que levam à paralisia espiritual podem vir de um passado
infeliz, e tudo que esteja no inconsciente precisa de ser aflorado, ou de
um espírito rancoroso, revoltado, amargo que necessita envolver-se num
perdão cordial ou ainda dos muitos cuidados, ambições terrenas, paixões
desregradas, situações familiares, profissionais. Numerosas são as causas
que podem impedir o encontro com Jesus. Um sincero exame de consciência é
a melhor de todas as terapias.
Com
habilidade, diplomacia e muita caridade os bons cristãos podem, de facto,
ajudar os amigos a encontrarem o Médico Divino, apostolado admirável,
meritório para o dia do juízo final. São de um valor imenso as preces
pela conversão dos pecadores. Jesus deseja perdoar a todos, mas respeita
a liberdade de nos aproximarmos d'Ele ou não, e conta com o interesse dos
verdadeiros cristãos que levem outros até Ele.
Representante
de Cristo, o padre no confessionário exerce um tríplice papel.
É Juiz e, na verdade quantos, às vezes, pensam estar numa triste situação
espiritual e, no entanto, necessitam apenas de pequenos ajustamentos
vivenciais.
É Médico, ele cura enfermidades da alma. Nem sempre o mesmo remédio pode
ser aplicado a idêntico tipo de doença, sendo morte para um o que é saúde
para o outro. É o que se dá também na esfera espiritual: o confessor,
habilmente, diagnostica o que se passa com quem o procura em busca de paz
interior, oferecendo-lhe o medicamento adequado.
É Mestre, ele guia e aponta as veredas salvíficas; tudo isto em nome de
Jesus, que tem poder de perdoar os pecados.
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Não há comunicação directa com Deus para
a absolvição dos pecados
Entrevista com o padre Hernán Jiménez,
confessor em Santa Maria Maior
Deus perdoa sempre? Perdoa tudo?
- Pe. Jiménez: Deus é um pai bondoso,
compassivo e misericordioso. Ele perdoa sempre todas as nossas faltas e pecados. Deus perdoa tudo,
se o homem humildemente se reconhece pecador, como diz Mateus 18, 21 e
ss.
A cada quanto tempo um católico tem que
se confessar?
- Pe. Jiménez: No geral, com frequência!
Mas pelo menos uma vez por ano, se possível na Páscoa. Depende do grau de
consciência na relação com Deus: quanto mais consciência se tem da
presença dEle, mais forte é a necessidade da pureza. Quanto mais se vive
perto de Jesus, com espírito de fé, muito mais se procura viver com
grande rectidão.
Qual é a melhor maneira de se preparar
para a confissão?
- Pe. Jiménez: Fazendo o exame de
consciência sobre os mandamentos, os preceitos da Igreja, o preceito da
caridade fraterna. E também sobre os nossos deveres de cristãos
praticantes.
Os confessores mandam rezar como
penitência, mas também mandam fazer actos de ressarcimento. Isto é
oficial, substitui as orações?
- Pe. Jiménez: As obras de caridade
substituem muito bem a oração, porque o ressarcimento ou restituição é
uma obrigação de justiça.
Existe a confissão "directa com
Deus", como algumas pessoas argumentam? Qual é a diferença entre
esta prática e o sacramento da reconciliação?
- Pe. Jiménez: Com Deus existe uma
comunicação directa na oração e na meditação interior, mas nunca na
remissão dos pecados. Segundo o mandamento de Jesus, só os Apóstolos e os
seus sucessores, os sacerdotes, podem perdoar os pecados em nome dEle.
Qual é a base bíblica do perdão
exercido pelo sacerdote? Ele age em nome de Deus ou do seu próprio poder
como consagrado?
- Pe. Jiménez: A base está nos
evangelhos, em João 20, 22-23. O sacerdote age em nome de Deus e pelo
mandamento da Igreja, que ele recebe na ordenação sacerdotal. O sacerdote
perdoa todo o pecado com a fórmula “… em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”.
Quando começou a confissão na Igreja,
tal como a conhecemos hoje?
- Pe. Jiménez: Desde os primeiros tempos
da Igreja, quando a confissão era pública. No século IV ela passou a ser
privada, auricular.
Desde que idade e até quando um católico
tem que se confessar?
- Pe. Jiménez: Em qualquer idade. Mas a
Igreja aconselha começar com a primeira comunhão. E enquanto mantivermos
o uso da razão, sendo conscientes da nossa vida moral e de católicos.
O papa Bento XVI disse que os doentes
devem ser levados à confissão sempre. Podemos pecar quando sofremos,
prostrados numa cama?
- Pe. Jiménez: É para a serenidade e
para a tranquilidade da consciência, e para dar sustento, força e
consolação no meio do sofrimento físico.
Quem não está casado pela Igreja pode-se
confessar?
- Pe. Jiménez: Não pode, porque vive em
estado de pecado.
De que modo o sacramento da
reconciliação poderia ser um elemento importante para a nova
evangelização desejada pelo Papa?
- Pe. Jiménez: A reconciliação é
indispensável para todo o cristão, especialmente neste período histórico
em que o povo se afasta dos sacramentos. Através da consciência,
reconhecendo com grande humildade a miséria da natureza humana diante de
Deus e dos outros, tornamo-nos mais humanos e sensíveis ao outro e de
modo especial a Deus.
Dizem que os confessores têm uma terapia
para não ficar sobrecarregados com tantos pecados que escutam... Você
precisa deste tipo de ajuda?
- Pe. Jiménez: Não, não. Todos nós, com
grande espírito de fé e de generosidade fraterna, realizamos esta missão
apostólica. Não existe nenhuma terapia, a única é a reconciliação com
Deus através da sua misericórdia e perdão.
No geral, pode nos dizer quais são as
angústias que levam as pessoas a confessar-se?
- Pe. Jiménez: A angústia é pelos
pecados cometidos, e elas saem com muita paz interior e alegria
espiritual. E também temos os problemas da nossa sociedade atual, como a
solidão, a falta de trabalho, a falta de recursos económicos, entre
outros.
Dizem que os papas se confessam com
frequência, e que o beato João Paulo II se confessava semanalmente. Bento
XVI segue esta prática?
- Pe. Jiménez: Claro, como todo o
cristão e bom pastor da Igreja. Ninguém é impecável e perfeito neste
mundo. O Papa também se confessa regularmente.
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Sobre a
Confissão frequente
Por
Santo Afonso Maria de Ligório
"A
verdadeira dor não está em senti-la, mas em querê-la
Todo o mérito das virtudes está na vontade!"
"Não
falamos aqui das confissões das pessoas metidas em pecados mortais.
Entretanto não deixaremos de dar avisos concernentes às ocasiões próximas
e às confissões sacrílegas. Mas queremos falar principalmente das
confissões das almas timoratas, que amam a perfeição e procuram
purificar-se cada vez mais das manchas dos pecados veniais.
UTILIDADE
DA CONFISSÃO FREQUENTE
Refere
Cesário que um santo sacerdote mandou da parte de Deus a um demônio que
lhe tinha aparecido, lhe dissesse o que mais o maltratava; e o inimigo
respondeu que nada o contrariava nem o desgostava tanto, como a confissão
frequente.
Jesus Cristo disse a S. Brígida: "Aquele que quer conservar o
fervor, deve purificar-se frequentemente com a confissão na qual se acuse
de todos os seus defeitos e negligências em servir-me." - Cassiano
ensina que a alma que aspira à perfeição, deve cuidar de ter uma grande
pureza de consciência, porque assim é que se adquire o perfeito amor de
Deus, que não se dá senão às almas puras; de sorte que o divino amor
corresponde à pureza do coração.
- É
preciso, porém entender que nos homens, segundo o estado presente, esta
pureza não consiste numa isenção absoluta de toda a falta; porque, exceto
o nosso divino Salvador e sua divina Mãe, não houve nem haverá no mundo
nenhuma alma sem manchas. Todos nós nascemos em pecado e caímos em muitas
faltas, diz S. Tiago.
-
Consiste em duas coisas, que são velar atentamente para que não entre no
coração nenhuma falta deliberada, por leve que seja, e ter cuidado de
purificar-se imediatamente de qualquer falta que nele possa ter entrado.
- Estes
são justamente os dois bons efeitos que produz a confissão frequente.
Primeiramente,
pela confissão frequente, uma pessoa purifica-se das manchas contraídas.
- A este propósito, narra S. João Clímaco que um jovem, desejando
corrigir-se da má vida, que levava no século, foi-se fazer religioso num
mosteiro. Antes de recebê-lo, o abade quis prová-lo; e disse-lhe que, se
queria ser admitido, fosse confessar em público todos os seus pecados.
Deveras resolvido a se entregar inteiramente a Deus, o jovem obedeceu;
mas, enquanto expunha as suas faltas diante da comunidade, um santo
religioso que fazia parte desta, viu um homem de aspecto venerando, que à
medida que o jovem ia declarando os seus pecados, os apagava de um papel
que tinha na mão, onde estavam escritos; de sorte que, acabada a
confissão, todos estavam apagados.
- O que,
neste caso, aconteceu visivelmente, sucede invisivelmente sempre que um
se confessa com as devidas disposições.
- A
confissão, porém, além de purificar a alma das suas máculas, dá-lhe
também força para não recair. - Segundo o doutor angélico, a virtude da
penitência faz que a falta cometida seja destruída e também que não volte
mais.
- A tal
propósito S. Bernardo refere um facto da vida de S. Malaquias: uma mulher
tinha o hábito de se impacientar e de se irritar a tal ponto que se
tornara insuportável. S. Malaquias, ouvindo dela mesma que nunca se
houvera confessado de tais impaciências, excitou-a a fazer uma confissão
exata dessas faltas. Depois disto, tornou-se tão paciente e tão branda,
que parecia incapaz de se enfadar por qualquer trabalho ou mau trato que
a importunasse.É por isso que muitos santos, para adquirirem a pureza de
consciência, costumavam confessar-se todos os dias. Assim praticavam S.
Catarina de Sena, S. Brígida, a Beata Collecta, S. Carlos Borromeo, S.
Inácio de Loiola e muitos outros. S. Francisco de Borgia não se
contentava com uma só vez, confessava-se duas vezes por dia.
- Se os
homens do mundo têm horror de aparecer com uma mancha no rosto diante dos
amigos, que se há de estranhar que as almas amigas de Deus procurem
purificar-se cada vez mais, para se tornarem cada vez mais agradáveis aos
olhos de Nosso Senhor.
DO
EXAME, DA DOR OU CONTRIÇÃO E DO BOM PROPÓSITO
- Para
fazer uma boa confissão, cinco coisas se requerem: O exame de
consciência, a dor de ter pecado, a confissão dos pecados, o cumprimento
da penitência e o propósito de se corrigir.
1.
Quanto ao exame, aos que frequentam os sacramentos, não é necessário que
quebrem a cabeça em indagar todos os pormenores das faltas veniais. É
preferível que se apliquem mais a descobrir as causas e raízes dos seus
apegos e das suas negligências. Isto é para as pessoas que não fazem
outra coisa que repetir, de cada vez, a recitação das mesmas faltas, como
uma cantilena, sem arrependimento e sem propósito de emenda.
Quanto aos pecados veniais, se fosse plenamente voluntários, se
manifestariam também de um modo sensível de pena que causariam; aliás não
há obrigação de confessar todas as faltas leves que se têm na
consciência, e por conseguinte também não há obrigação de fazer um exame
exato e menos ainda de escrutar o número e circunstâncias, ou se recordar
como e porque se cometeram. Basta declarar as faltas leves que pesam mais
e são mais opostas a perfeição, e acusar as outras em termos gerais.
- Quando
não há matéria certa depois da última confissão, diga-se algum pecado da
vida passada, de que se tenha mais dor, por exemplo: Acuso-me especialmente
de todas as culpas cometidas no passado contra a caridade, a pureza ou a
obediência.
- É
bastante consolador o que sobre este ponto escreve S. Francisco de Sales:
"Não vos inquieteis, se não vos lembrardes de todas as faltinhas
para as confessar; porque assim como muitas vezes caís sem advertência,
assim também muitas vezes vos levantareis sem perceber; a saber, pelos
actos de amor ou outros actos bons que as almas devotas costumem
fazer".
2. É
necessária, em segundo lugar, a dor ou contrição, e é o que se requer
principalmente para obter a remissão dos pecados. As confissões mais
longas não são as melhores, mas as em que há mais dor. O sinal de uma boa
confissão, diz S. Gregório, não se acha no grande número de palavras do
penitente, mas no arrependimento que demonstra.
- Mas S.
Tomás diz que a dor essencial, necessária para a confissão, é a
detestação do pecado cometido, e que esta dor não está na parte
sensitiva, mas na vontade; visto que a dor sensível é um efeito do
desprazer da vontade o que nem sempre está em nosso poder, porque a parte
inferior nem sempre segue a parte superior.
Assim,
pois, sempre que, na vontade, a displicência da culpa cometida é acima de
todos os males, a confissão é boa.
-
Abstende-vos, portanto, de fazer esforços para sentir a dor. - Falando
dos atos internos, sabei que os melhores são os que se fazem com menor
violência e maior suavidade, visto que o Espírito Santo ordena tudo com
doçura e tranquilidade.
O santo
rei Ezequias, falando do arrependimento que tinha dos seus pecados, dizia
sentir deles dor muito amarga, mas em paz.
Quando
quiserdes receber a absolvição, fazei assim: No preparar-vos para a
confissão, começai por pedir a Jesus Cristo e à Virgem das Dores uma
verdadeira dor dos vossos pecados; em seguida fazei brevemente o exame,
como acima dissemos; e depois, para a contrição, basta que façais um acto
como este: "Meu Deus, eu vos amo acima de todas as coisas; espero,
pelos merecimentos do sangue de Jesus Cristo, o perdão de todos os meus
pecados, dos quais me arrependo de todo o coração, por ter ofendido e
desgostado a vossa infinita bondade, e os aborreço mais do que todos os
males; e uno este meu aborrecimento ao aborrecimento que deles teve o meu
Jesus no horto de Getsémani. Proponho não vos ofender mais, com a vossa
graça". Uma vez que tenhais querido pronunciar este acto com
sinceridade, ide tranquilamente receber a absolvição, sem temor e sem
escrúpulo. - S. Teresa para tirar as angústias a este respeito, dava um
outro bom sinal de contrição: "Vede, dizia ela, se tendes um
verdadeiro propósito de não cometer mais os pecados que ides confessar.
Se tendes este propósito, não duvideis de ter também a verdadeira
dor".
3. É
necessário também o bom propósito. O propósito exigido para a confissão,
para ser bom, deve ser firme, universal e eficaz. Primeiramente, deve ser
firme. Há alguns que dizem: eu não quereria cometer mais este pecado; eu
não quereria mais ofender a Deus. - Mas ai! este eu quereria denota que o
propósito não é firme. Para que o seja, é necessário dizer com vontade
resoluta: Não quero mais ofender a Deus deliberadamente. Em segundo
lugar, deve ser universal, isto é, deve o penitente propor-se a evitar
todos os pecados sem exceção. Isto, porém, só se entende dos pecados
mortais.
Quanto
aos pecados veniais, basta, para o valor do sacramento, que o
arrependimento e o propósito recaiam sobre uma só espécie de pecado; mas
as pessoas mais espirituais devem propor se evitar todos os pecados
veniais deliberados; e quanto aos indeliberados, visto que é impossível
evitá-los todos, basta que se proponham fazê-lo quanto for possível. Em
terceiro lugar, deve ser eficaz, isto é, capaz de determinar o penitente
a empregar os meios necessários para não cometer mais as faltas de que se
acusa, e especialmente a fugir das ocasiões próximas de recair. Por
ocasião próxima entende-se aquela em que a pessoa caiu muitas vezes em
pecados graves, ou, sem justa causa, induziu outros a caírem. Neste caso
não basta propor-se somente evitar o pecado, mas é necessário também propor
tirar a ocasião, aliás as suas confissões serão todas nulas, embora
receba mil absolvições; pois não querer remover a ocasião próxima de
pecado grave já é por si culpa grave. E assim como temos demonstrado na
nossa obra de teologia moral, quem recebe a absolvição sem o propósito de
tirar a ocasião próxima, comete um novo peca"do mortal de
sacrilégio.
AVE MARIA!
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