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domenica 17 novembre 2013

Posicionamentos doutrinários extremamente graves.



Arnaldo Xavier da Silveira
08.11.2013
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1] Nos últimos meses a imprensa internacional divulgou amplamente duas entrevistas do Papa Francisco, a primeira concedida ao Diretor da Civiltà Cattolica (1), e a segunda ao fundador do jornal romano La Repubblica (2). Ambas provocaram reações veementes de numerosos setores católicos antimodernistas de todo o orbe (3), porque ali o Papa adotava posicionamentos de todo aberrantes da doutrina católica tradicional, como os seguintes:
a. Insinuava que a fé admite incertezas.  Ora, a Igreja sempre ensinou que, pela virtude sobrenatural da fé, temos um conhecimento absolutamente seguro da verdade revelada, não sujeito a dúvidas, baseado na palavra de Nosso Senhor, que não pode enganar-Se nem enganar-nos.
b. Dizia: “não podemos insistir apenas sobre as questões ligadas ao aborto, casamentohomossexual e uso dos métodos contraceptivos”. — Essa asserção, que sugere seja atenuada a posição da Igreja em face dos mencionados pecados, desestimula, de modo talvez indireto mas possante, as magníficas reações que tem havido em todo o mundo católico a esse respeito.
c. Declarava que “uma pastoral missionária não tem obsessão pela transmissão desarticulada de uma multidão de doutrinas a serem impostas com insistência”. — Esse deplorável dito do Pastor supremo ecoa a oposição visceral e sistemática dos modernistas à escolástica. Nele o Pontífice: (i) qualifica como “obsessão” a firmeza em defender a fé e a moral; (ii) apoda como “desarticulada” a forma tradicional de transmissão da verdade revelada por Nosso Senhor; (iii)insinua depreciativamente que, apresentada dessa forma, tal verdade não passaria de “uma multidão de doutrinas a serem impostas com insistência”; e (iv) sugere que o zelo missionário é mera ideia fixa de “impor” aos demais, e “com insistência”, princípios que na verdade seriam opinativos, duvidosos e entre si mal estruturados.
d. Afirmava que é preciso rever e aprofundar a teologia sobre a mulher. — Não é verdade que tal afirmação sugere uma modernização do papel da mulher na Igreja, favorecendo em tese a posição dos que querem até a ordenação sacerdotal de mulheres?
e. Dizia que tem sido “acusado de ultraconservador” mas jamais foi de direita. — Essa expressão claramente convida os fieis a adotarem um posicionamento antes de esquerda.
f. Proclamava que “Deus é maior do que o pecado”. — O que insinua que o pecado não é tão grave, desde que se creia em Deus e em sua misericórdia.
g. Asseverava que “não existe um Deus católico, existe Deus— A expressão é ambígua, podendo ter interpretação ortodoxa, mas de si leva à ideia de que todas as religiões cultuam o verdadeiro Deus (4).
h. Sustentava que “o proselitismo é um solene disparate, não tem sentido. — Tal enunciado parece condenar todo apostolado e todo esforço para converter à Igreja Católica quem dela se afastou ou a ela jamais pertenceu.
i. Indicava Henry de Lubac como um de seus pensadores contemporâneos preferidos— O Cardeal de Lubac, S.J., foi modernista notório, paladino da nouvelle théologie (5)Essa indicação, partida de um Papa, só pode ser entendida como enfática recomendação para que dito autor seja lido e seguido.
j. Observava que “cada um de nós tem sua visão do bem e também do mal”, e acrescentava: “devemos incitar cada qual a proceder segundo o que ele pensa ser o bem— Não se pode deixar de ver aí a tese modernista, tantas vezes condenada pela Igreja, de que a noção de bem é subjetiva, dependendo da consciência de cada pessoa.
k. Apontava que “os cabeças da Igreja foram com frequência narcisistas, adulados e instigados por seus cortesãos”; que “a corte é a lepra do Papado”; que “a Cúria é vaticano-centrista”. Tais críticas, de sabor voltairiano, ressaltam o lado humano do Papado, desconsiderando o principal, que é o caráter essencialmente sobrenatural e sagrado do Sumo Pontificado e da Cúria Romana.
l. Segundo o Papa, muitos dos defensores da teologia da libertação tinham um “alto conceito de humanidade— Ora, é sabido que esse “alto conceito de humanidade” é falso e enganoso, antropocentrista, anticristão, inspirado pelo velho socialismo da esquerda católica.
m. Anunciava que “a nossa espécie acabará mas não acabará a luz de Deus que então invadirá todas as almas e tudo estará em todos”. — Tal proposição, formulada em tom poético e sem nenhuma explicação complementar, sugere a ideia modernista de que ao final todos os homens serão salvos.

2] Dessas surpreendentes declarações papais, quase todas aberram claramente dos ensinamentos católicos tradicionais. Muitas são ambíguas e escorregadias, favorecedoras da confusão doutrinária, marcadas por uma imprecisão sibilina e por insinuações estranhas que causam grave perplexidade aos fies. Todas apadrinham, com extraordinário vigor, a revolução modernista na Igreja. E também na sociedade civil, pois o que a Revolução hoje busca com todo o seu ímpeto satânico é fazer reinar nos costumes, e oficializar nas instituições da sociedade temporal (6), gravíssimos pecados que bradam aos céus e clamam a Deus por vingança, como são o aborto e os atos sexuais contra a natureza. As aludidas declarações pontifícias são, no mínimo, escandalosas e ofensivas aos ouvidos pios, e no seu conjunto merecedoras pelo menos da censura teológica de heretizantes.
3] Não se pretende, aqui, analisar em profundidade as afirmações e insinuações estranhas do Papa Francisco. Isso constituiria o objeto de outro trabalho. As presentes linhas visam sobretudo comentar declaração do Pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, segundo a qual as referidas entrevistas representam “uma forma ‘conversacional’ ou ‘coloquial’ de comunicação” do Pontífice com seus entrevistadores, não constituindo por isso um “documento magisterial” (7).

4] É patente que, nas entrevistas em questão, o Papa Francisco quis dirigir-se a todo o mundo católico. Foram dois pronunciamentos de impacto, que abordaram questões fundamentais da doutrina católica, tanto de ordem teórica quanto prática, tanto de matéria dogmática quanto moral. Como bem observou o professor Pietro de Marco, “a quem invoca o estilo inaciano de aproximação ao pecador e ao que está afastado, eu replico que esse estilo concerne à relação no foro interno, ou à direção de consciência, ou ao colóquio privado; mas se o Papa assim se expressa em público, suas palavras entram na corrente do magistério ordinário, convertem-se em catequese” (8).

5] Ora, entender que um texto, por ser “coloquial” ou “conversacional”, não constitui magistério, caracteriza grave lapso teológico, por se opor frontalmente à doutrina já hoje consolidada sobre a natureza do Magistério ordinário da Igreja. O Pe. Lombardi, certamente para responder a sérias questões que os repórteres de todo o mundo lhe apresentavam, e para atenuar o escândalo inaudito causado pelas duas entrevistas pontifícias, apegou-se a uma noção ultrapassada do Magistério ordinário, concebido por muitos de modo formalístico, como se só houvesse ensino papal em documentos escritos ou orais cercados de certa solenidade protocolar, isto é, em atos magisteriais promulgados oficialmente enquanto tais.

Da árdua missão do Pe. Lombardi, porta-voz do Vaticano

6] O Pe. Federico Lombardi, S.J., nasceu na Itália em 1942. Estudou em instituições jesuítas na Itália e na Alemanha, onde se licenciou em teologia. Ordenado sacerdote em 1972, foi membro do Colégio dos escritores da Civiltà Cattolica de 1973 a 1977, quando se tornou vice-diretor da revista. Provincial da Companhia de Jesus na Itália de 1984 a 1990, foi posteriormente Diretor dos Programas da Radio Vaticana, do Centro Televisivo Vaticano, e Diretor-Geral da Radio Vaticana. Em 2006 Bento XVI o nomeou Diretor do Ofício de Imprensa da Santa Sé, cargo que mantém até hoje.

7] Dado o caráter heretizante do Concílio Vaticano II (9), o qual manifestamente rompeu com a doutrina tradicional da Igreja, e dados os numerosos desatinos oficiais do período pós-Concílio, o Pe. Lombardi se vê obrigado, no seu dia-a-dia, a justificar o injustificável, em defesa da orientação adotada pela maior parte dos órgãos vaticanos. Ressalte-se, entretanto, que ele não é mero transmissor de recados, encarregado apenas de apresentar à mídia o que seus superiores determinam. Não é figura adjetiva e periférica dos círculos vaticanos oficiais, mas é um antigo provincial da Companhia de Jesus na Itália, teólogo com longa história na direção de órgãos da mídia da Santa Sé, incumbido de comentar questões maiores perante a imprensa, dando delas explicações que necessariamente envolvem sua responsabilidade pessoal perante Deus e os homens. Ora, nas circunstâncias aqui consideradas, Sua Reverendíssima cometeu erro teológico grave, que postula reparo público.

O conceito de Magistério ordinário

8] O conceito de “Magistério ordinário” foi amplamente adotado por Pio IX e pelo Vaticano I, e foi posteriormente aprofundado e desenvolvido pela teologia tradicional. No passado mais remoto era frequente, mesmo entre grandes teólogos, santos e doutores, a conceituação bipartida do Magistério, segundo a qual o Papa ou falava numa definição ex cathedra, ou como simples doutor privado. Essa concepção bipartida esquecia, ou não ressaltava devidamente, a terceira possibilidade, de que o Papa falasse num ato oficial de ensino, mas sem preencher as condições da infalibilidade (10).

9] A partir do Vaticano I aprofundou-se sempre mais a doutrina segundo a qual os ensinamentos do Papa não estão sempre e necessariamente garantidos pelo carisma da infalibilidade. O Sumo Pontífice não pode afastar-se da verdade quando, dirigindo-se à Igreja universal, no uso da plenitude de seus poderes, define solenemente uma verdade de fé ou moral a ser crida. Quando essas condições não estão todas preenchidas, os atos docentes do Papa constituem seu magistério simplesmente “ordinário”, o qual inclui o ensino pontifício comum, quotidiano, orgânico (11). Inclui também os pronunciamentos correntes dos bispos, suas cartas pastorais, e enfim tudo que é ensinado pela Igreja. O estudo das condições em que o Magistério ordinário envolve a infalibilidade não diz respeito à matéria aqui tratada .

Até por atos e gestos o Papa pode ensinar

10] O Magistério ordinário, concebido organicamente, como é necessário que o seja, e não de modo formalista, mecânico e livresco, envolve a ideia de ensinar em sua concepção ampla. Assim como um pai de família não ensina seus filhos apenas de modo expresso, quando lhes ministra uma lição formal ou lhes dá uma ordem, mas também os instrui e educa de modo implícito pelos atos mais comuns da vida diária, pelo seu modo de comportar-se, pelas boas maneiras que infunde na alma das crianças, assim o Papa e os bispos podem igualmente ensinar, e de fato ensinam, tanto expressamente por pronunciamentos escritos ou orais, quanto implicitamente por atos, gestos, atitudes, omissões, símbolos. Esses ensinamentos implícitos incluem ainda as lições contidas na liturgia, nas leis da Igreja, no culto aos santos, na vida católica em geral. Tudo isso integra a Pastoral, em seu sentido largo, a qual sempre e necessariamente traz consigo o ensino vivo da dogmática, da moral católica, do sentire cum Ecclesia, de tudo enfim que os fieis devem conhecer e amar.

11] Comentaristas das mais diversas tendências têm observado, com razão, que numerosos atos do Papa Francisco são densos da doutrina que ele quer transmitir a respeito da pobreza, da simplicidade de vida, do que ele apresenta como o espírito franciscano. Assim, abrir mão de indumentárias papais tradicionais e de formalismos protocolares é inquestionavelmente uma forma de ensinar.

12] Já que é possível exercer o magistério até mesmo por atos e gestos (12), com mais razão, pode haver ensino através de um colóquio, de uma conversa. E se uma troca de ideias pessoal do Papa com um jornalista se destina a divulgação ampla, é patente que uma simples conversação pode conter ensinamentos destinados a muitos fieis, e mesmo a toda a Igreja, não se podendo então negar seu caráter de verdadeiro e autêntico magistério papal.

13] Foi isso que ocorreu nas entrevistas do Papa Francisco à Civiltà Cattolica e ao diário La Repubblica. A intenção do Pontífice, não apenas subjetiva mas real e manifesta, era de que suas palavras fossem amplamente divulgadas pela imprensa internacional. Suas considerações de ordem estritamente pessoal, algumas delas muito singelas e até caseiras, não tiram ao todo o caráter de fixação da orientação fundamental de seu pontificado em matéria pastoral. E é claro que essa orientação não é de natureza unicamente administrativo-pastoral, mas envolve posicionamentos doutrinários extremamente graves.

A forma canônica ou midiática do pronunciamento é de importância menor

14] Os teólogos têm ressaltado, especialmente do pontificado de Pio XII a esta parte, que a autoridade doutrinal de uma declaração papal não está essencialmente vinculada à sua forma canônica ou jornalística de divulgação. Como ressalta D. Paul Nau, OSB, em seu importante estudo sobre a autoridade doutrinária das encíclicas, uma constituição apostólica pode conter, ou não, uma definição dogmática; uma encíclica, uma bula papal, um motu proprio ou uma carta apostólica têm autoridade maior ou menor segundo o seu conteúdo e as circunstâncias que cercam sua divulgação. É claro que, para uma definição infalível, o Papa normalmente se servirá de um documento mais solene, mas a regra não é cogente. Pio XII se utilizou de alocuções radiofônicas para transmitir a todo o orbe numerosos de seus ensinamentos. Como igualmente ressalta D. Paul Nau, o que importa é a intenção objetiva e manifesta do Papa em dar tal grau de autoridade a seu ato magisterial. A divulgação maior ou menor de uma encíclica, por exemplo, assim como a insistência do Papa em ulteriores pronunciamentos sobre a mesma matéria, a recepção dessa doutrina por toda a Igreja, as circunstâncias enfim, que cercam o ato papal, são de valor fundamental para o estabelecimento da autoridade teológica daquele ensinamento.

15] Eis as palavras de D. Paul Nau: “Instrumento consciente, o Vigário de Cristo somente pode empenhar a autoridade de que ele é o depositário na medida em que ele o tenciona (...). A vontade de comprometer-se do Papa, assim como o peso que ela confere aos ensinamentos dele, são suscetíveis de graus diversos (...). Dessa vontade do Santo Padre, a natureza mais ou menos solene do instrumento escolhido é certamente um primeiro indício. É conhecida a longa gama de documentos pontifícios, desde as Litterae encyclicae, as mais solenes depois das Bulas, até as simples cartas dirigidas a bispos, a grupos ou mesmo a presidentes leigos de diversas obras (...). A natureza do documento utilizado não pode, contudo, ser mais que um indício. O Papa permanece livre, mesmo no caso de um juízo solene, para escolher o modo de expressão que ele julgar mais oportuno. Ele poderia, para uma definição, utilizar uma encíclica ou radiomensagem, tanto quanto uma constituição apostólica majestosamente inscrita numa bula”. Depois de observar que não se pode “fiar unicamente na natureza do documento escolhido”, D. Paul Nau conclui: “Não estamos aqui em matemática, e querer simplificar ao extremo, por categorias rígidas demais, seria expor-se a erros perigosos” (13).

16] Logo, uma entrevista papal pode, em tese, constituir magistério, ou não. A questão não é teórica, mas concreta: as duas entrevistas foram por si mesmas atos magisteriais, em vista de seu conteúdo pastoral e doutrinário específico, da extraordinária repercussão que tiveram, e do modo como foram acolhidas ou rejeitadas pelos fieis de todas as latitudes. No dizer do prof. De Marco (item 4 retro) elas entraram “na corrente do magistério ordinário”, convertendo-se “em catequese”. Não se diga, portanto, que o Pe. Lombardi, porta-voz do Vaticano, as teria declarado oficialmente atos do Papa como doutor privado, pois elas têm caráter magisterial ex ipsa natura rei.

O ato magisterial pode conter erro e mesmo heresia

17] Também não se diga que, como o Papa não pode errar, as duas referidas declarações pontifícias são a priori imunes a todo e qualquer desvio doutrinário. Com efeito, já se tornou pacífico, em sã teologia, que em princípio pode haver erro e mesmo heresia, não só em documentos papais privados, mas também em documentos públicos, tanto papais quanto conciliares. É o que bem observa o Pe. Daniel Pinheiro, do Instituto Bom Pastor: “o Magistério desse segundo tipo – não infalível – pode (...)conter erros porque, ao contrário do primeiro grau estudado, não se encontra garantido na verdade por Deus. (...). A possiblidade de erro nesse grau de Magistério é, praticamente, unanimidade entre os teólogos. É incompreensível que alguns afirmem a impossibilidade de erros em atos do Magistério não-infalível. Negar a possiblidade de erro desse Magistério seria torná-lo infalível” (14). “Deve ser assimilado a esse Magistério o magistério de um Concílio Ecumênico que não possui a voluntas definiendi/obligandi. Trata-se da autoridade suprema que ensina, mas sem a intenção de engajar toda a sua autoridade e revesti-la inteiramente da assistência divina infalível” (15).
18) Como já escrevíamos em 1969, “o simples fato de se dividirem os documen­tos do Magistério em infalíveis e não infalíveis, deixa aberta, em tese, a possibilidade de erro em algum dos não infalíveis. Essa conclusão se impõe com base no princípio metafísico enunciado por Santo Tomás de Aquino: ‘quod possibile est non esse, quan­doque non est’ — ‘o que pode não ser, às vezes não é(Summa Th., I, q. 2, a. 3, c., tertia via)” (16).

Conclusão: o eminente Pe. Federico Lombardi equivocou-se

19] A imprensa tem noticiado que a referida entrevista à Civiltà Cattolica foi pessoalmente revisada pelo Papa antes da publicação, o que não teria ocorrido com o mesmo cuidado com as declarações a La Repubblica, embora estas tenham sido publicadas de imediato no Osservatore Romano. De toda forma, se houvesse alguma infidelidade num texto ou no outro, o Papa não poderia deixar de fazer a devida retificação. Não se diga, portanto, que as duas entrevistas, manifestamente planejadas para ampla divulgação no mundo todo, talvez não exprimam o pensamento papal, ou talvez não tenham intenção magisterial.

20] O ilustre Pe. Federico Lombardi enganou-se ao entender que aquelas entrevistas não constituem atos magisteriais em razão de seu caráter “coloquial” ou “conversacional”. Ele prestará relevante serviço à Santa Igreja se houver por bem retificar esse grave erro teológico, que na prática induz a pensar que ditas entrevistas não têm o caráter histórico e apocalíptico que na verdade têm, como atos, que são, do Magistério ordinário da Igreja.

NOTAS
1.        Entrevista publicada no Osservatore Romano, ed. semanal em português, ano XLIV, n. 39, 29/09/2013,http://www.vatican.va/holy_father/francesco/speeches/2013/september/documents/papa-francesco_20130921_intervista-spadaro_po.html
2.        Entrevista publicada no Osservatore Romano, ed. semanal em português, ano XLIV, n. 40, 06/10/2013,http://www.vatican.va/holy_father/francesco/speeches/2013/october/documents/papa-francesco_20131002_intervista-scalfari_po.html
3.        Ver Luiz Sérgio Solimeo, “In times of extreme confusion, stand fast, and hold the traditions which you have learned",www.tfp.org/tfp-home/catholic-perspective/is-the-pope-s-interview-an-act-of-the-pontifical-magisterium.html
4.        Ver o artigo do Pe. João Batista Almeida Prado Ferraz Costa “Não existe um Deus católico?”,http://santamariadasvitorias.org/nao-existe-um-deus-catolico/
5.        Ver, neste site Bonum Certamen, o artigo “Cinco cardeais e a nouvelle théologie”, itens 3 e 13.
6.        Ver Plínio Corrêa de Oliveira, “Revolução e Contra-Revolução”, ed. IPCO, São Paulo/Brasil, 2009,http://www.pliniocorreadeoliveira.info/RCR.pdf
7.        Durante a sessão de perguntas e respostas, foi dada atenção significativa à longa entrevista (do Papa) publicada na edição de terça-feira do diário italiano La Repubblica. O Pe. Lombardi, S.J., explicou que o texto, assim como o da entrevista publicada recentemente na Civiltà Cattolica e na America Magazine (entre outras revistas jesuítas em todo o mundo) representa uma forma de comunicação ‘conversacional’ ou ‘coloquial’. ‘Não é’ explicou ele, ‘um documento magisterial’” (Rádio Vaticana, 02.10.2013, http://en.radiovaticana.va/print_page.asp?c=733695).
8.        Artigo “Un messagio ‘liquido’”, http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/1350619 ─ Pietro De Marco, historiador e sociólogo, é professor na Faculdade de Florença e na Faculdade de Teologia da Itália Central.
9.        Ver, neste site Bonum Certamen, o artigo “Da qualificação teológica extrínseca do Vaticano II”.
10.     Ver, neste site Bonum Certamen, o livro “Considerações sobre o ‘Ordo Missae’ de Paulo VI”, parte I, cap. X.
11.     Ver, neste site Bonum Certamen, o artigo “O caráter orgânico do Magistério ordinário”.
12.     Ver, neste site Bonum Certamen, o artigo “O Magistério ordinário pode ensinar por atos e gestos”.
13.     O Magistério Pontifício Ordinário, lugar teológico - Ensaio sobre a autoridade dos ensinamentos do Soberano Pontífice”, Solesmes, 1956, trad. bras. por Felipe A. Coelho, São Paulo, blog Acies Ordinatahttp://wp.me/pw2MJ-dT, a partir do original: “Le Magistère pontifical ordinaire, lieu théologique”, in: Revue Thomiste, ano LXIV, tomo LVI, n.º 3, julho-setembro de 1956, págs. 389-412.
14.     Ensaio “Assentimento ao Magistério”, parte II, item 3.2.2, no blog Scutum Fidei,http://scutumfidei.org/2013/01/07/assentimento-ao-magisterio-ii/
15.     Idem, ibidem.
16.     Ver, neste site Bonum Certamen, o livro “Considerações ...”, parte I, cap. IX, págs. 43/44

mercoledì 6 novembre 2013

MUNUS DOCENDI: ADDIO?


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DOPO tutto, ora  potremmo aggiornare il famoso detto di Georges Clemenceau che dice: “quando si vuol seppellire un progetto si deve fare una commissione” con quest’altro: “quando si deve seppellire la Tradizione si fa prima un Concilio, poi un Sinodo e quindi un Sondaggio universale”.

domenica 20 ottobre 2013

SIGNORA CRISTIANA perplessa! : Lucrecia Rego de Planas


Huixquilucan, Messico, 23 settembre 2013

Carissimo PF,
sono tanto lieta di avere l’opportunità di salutarti.Sicuramente non ti ricorderai di me; vedendo così tante persone nuove ogni giorno deve essere difficile ricordare tutti, anche coloro con cui hai conversato e vissuto durante il lungo corso della tua vita.Negli ultimi 12 anni, tu ed io, più volte ci siamo trovati in diversi incontri, riunioni della Chiesa e conferenze che hanno avuto luogo nelle città dell’America Centrale e Meridionale su temi diversi (la comunicazione, la catechesi, l’educazione). Durante questi incontri pastorali ho avuto la possibilità di vivere con te per tanti giorni, dormendo sotto lo stesso tetto, condividendo la stessa mensa e anche la stessa scrivania.Allora eri l’Arcivescovo di Buenos Aires e io il direttore di uno dei principali mezzi di comunicazione cattolici. Adesso tu sei il Santo Padre e io... solo una madre, cristiana, sposata con un buon marito e nove figli, che insegna matematica presso l’Università e che cerca di collaborare meglio che può con la Chiesa, dal luogo in cui Dio l'ha posta.In questi incontri di diversi anni fa, mi ricordo più di una volta ti sei rivolto a me dicendo:- “Ragazza, chiamami Jorge Mario, siamo amici”; io risposi spaventata:- “Assolutamente no, signor Cardinale! Dio me ne scampi dal dare del tu a uno dei suoi principi sulla terra!”.Ora però mi permetto di darti del tu, perché non sei più il card. Bergoglio, ma il Papa, il mio Papa, il dolce Cristo in terra, al quale ho la fiducia di rivolgermi come a mio padre.Ho deciso di scriverti perché soffro e ho bisogno che tu mi consoli.Ti spiegherò cosa mi succede, cercando di essere il più breve possibile. So che ti piace confortare coloro che soffrono e ora anche io sono una di loro.Quando ti ho conosciuto durante questi ritiri, quando eri ancora il cardinal Bergoglio, mi aveva colpito e lasciata perplessa il fatto che tu non hai mai agito come facevano gli altri cardinali e vescovi. Per fare alcuni esempi: tu eri l’unico lì che non si genufletteva davanti al Tabernacolo o durante la Consacrazione, se tutti i vescovi si presentavano con la sottana e il loro abito talare, perché così richiedevano le regole necessarie per la riunione, tu ti presentavi in completo da strada e collare clericale. Se tutti si sedevano sui posti riservati ai i vescovi e cardinali, tu lasciavi vuoto il posto del cardinale Bergoglio e ti sedevi più indietro, dicendo “qui sto bene, così mi sento più a mio agio”. Se altri arrivavano con una macchina che corrisponde alla dignità di un vescovo, tu arrivavi dopo gli altri, indaffarato e di fretta, raccontando ad alta voce i tuoi incontri nel trasporto pubblico scelto per venire alla riunione.Vedendo queste cose — mi vergogno nel raccontartelo — dicevo dentro di me:

- “Uff... che voglia di attirare l’attenzione! Perché, se si vuole essere veramente umile e semplice, non è forse meglio comportarsi come gli altri vescovi per passare inosservati?”.

Anche alcuni miei amici argentini che hanno partecipato questi incontri, in qualche modo notavano la mia confusione, e mi dicevano:

- “No, non sei la sola. A tutti noi sconcerta sempre, ma sappiamo che ha criteri chiari, e nei suoi discorsi mostra convinzioni e certezze sempre fedeli al Magistero e alla Tradizione della Chiesa, è un coraggioso fedele, difensore della retta dottrina... A quanto pare però ama essere amato da tutti e piacere a tutti. In tal senso potrebbe un giorno fare un discorso in TV contro l’aborto e il giorno dopo, nello stesso show televisivo, benedire le femministe pro-aborto in Plaza de Mayo; potrebbe fare un discorso meraviglioso contro i massoni e, ore dopo, mangiare e brindare con loro al Club Rotary Club”.

Mio caro Papa Francesco, è vero, questo fu il card. Bergoglio che ho conosciuto da vicino. Un giorno intento a chiacchierare animatamente con il vescovo Duarte Aguer sulla difesa della vita e della liturgia e lo stesso giorno, a cena, a chiacchierare sempre animatamente con Mons. Ysern e Mons. Rosa Chavez sulle comunità di base e i terribili ostacoli che rappresentano “gli insegnamenti dogmatici” della Chiesa. Un giorno amico del card. Card. Cipriani e del Card. Rodriguez Maradiaga a parlare di etica aziendale e contro le ideologie del New Age e poco dopo amico di Casaldáliga e Boff a parlare di lotta di classe e della “ricchezza” che le tecniche orientali potrebbero donare alla Chiesa.

Con queste premesse, comprenderai quanto enormemente ho sgranato gli occhi, quando ho sentito il tuo nome dopo l’“Habemus Papam” e da quel momento (prima che tu lo chiedessi) ho pregato per te e per la mia amata Chiesa. E non ho smesso di farlo per un solo giorno, da allora.

Quando ti ho visto sul balcone, senza cotta, senza cappuccio, rompendo il protocollo di saluto e la lettura del testo latino, cercando con questo di differenziarti dal resto dei Papi nella storia, sorridendo, preoccupata, dissi tra me e me:

- “Sì, senza dubbio. Questo è il cardinale Bergoglio”.

Nei giorni successivi alla tua elezione, mi hai dato diverse occasioni per confermare che sei la stessa persona che avevo conosciuto da vicino, sempre alla ricerca di una diversità: hai chiesto scarpe diverse, anello diverso, Croce diversa, sedia diversa e persino stanza e casa diverse dal resto dei Papi che sempre si erano accontentati umilmente delle cose previste, senza la necessità di cose “particolari”, apposta per loro.

In quei giorni stavo cercando di recuperare dall’immenso dolore provato dalle dimissioni del mio amato e molto ammirato Papa Benedetto XVI, nel quale mi sono identificata fin dal principio per la chiarezza nei suoi insegnamenti (il miglior insegnante del mondo), per la sua fedeltà alla Liturgia, per il suo coraggio nel difendere la dottrina giusta fra i nemici della Chiesa e mille cose che non elencherò qui. Con lui al timone della barca di Pietro mi sentivo come se calpestassi la terra ferma. E con le sue dimissioni, ho sentito la terra sparire sotto i miei piedi; ma ho capito, i venti erano veramente tempestosi e il papato significava qualcosa di troppo agitato per la sua forza, ormai diminuita dall’età, nella terribile e violenta guerra culturale che stava sostenendo.

In quel momento mi sentivo come abbandonata in mezzo alla guerra, al terremoto, nel più feroce uragano, e improvvisamente tu sei venuto a sostituirlo al timone. Abbiamo un nuovo capitano, diamo grazia a Dio! Confidai pienamente (senza dubbio alcuno) che, con l’assistenza dello Spirito Santo, con la preghiera dei fedeli, con il peso della responsabilità, con l’assistenza del gruppo di lavoro in Vaticano e con la coscienza di essere osservato in tutto il mondo, Papa Francesco lasciasse alle spalle le cose speciali e le ambivalenze del card. Bergoglio e subito prendesse il comando dell’esercito e, con rinnovato vigore, continuasse il percorso di lotta che il suo predecessore aveva ingaggiato.

Purtroppo, con mia sorpresa e smarrimento, il mio nuovo generale, piuttosto che prendere le armi una volta arrivato, cominciò il suo mandato utilizzando il tempo del Papa per telefonare al suo parrucchiere, al suo dentista, al suo lattaio e al suo edicolante, attraendo sguardi sulla sua persona e non su assunti importanti per il Papato. Sono passati sei mesi da allora e riconosco, con amore ed emozione, che hai fatto migliaia di cose buone. Mi piacciono molto (moltissimo) i tuoi discorsi formali (a politici, ginecologi, comunicatori, alla Giornata della Pace, etc.) e le tue omelie delle Solennità, perché in esse si vede una preparazione minuziosa e una profonda meditazione di ogni parola usata. Le tue parole, in questi discorsi e omelie, sono stati un vero e proprio cibo per il mio spirito. Mi piace molto che la gente ti ami e ti applauda. Tu sei il mio Papa, il Supremo Capo della mia Chiesa, la Chiesa di Cristo.

Tuttavia – e questo è il motivo della mia lettera – devo dire che ho anche sofferto (e soffro), per molte tue parole, perché dici cose che sento come stoccate al basso ventre durante i miei continui tentativi di sincera fedeltà al Papa e al Magistero. Mi sento triste, sì, ma la parola migliore per esprimere i miei sentimenti corrente è: perplessità.

Non so cosa dire e cosa non dire, non so dove insistere e dove lasciar correre. Ho bisogno che tu mi orienti, caro Papa Francesco. Sto davvero soffrendo, e molto, per questa perplessità che mi immobilizza. Il mio grande problema è che ho dedicato gran parte della mia vita allo studio della Sacra Scrittura, della Tradizione e del Magistero, in modo da avere forti ragioni per difendere la mia fede. E ora, molte di queste solide basi sono in contraddizione con ciò che il mio amato Papa fa e dice. Sono scioccata e ho bisogno che tu mi dica cosa fare.

Mi spiegherò meglio, con alcuni esempi.

Io non posso applaudire un Papa che non si genuflette davanti al Tabernacolo né durante la Consacrazione come insegna il rito della Messa; ma non posso criticarlo, perché è il Papa!

Benedetto XVI ci ha chiesto nella Redemptionis Sacramentum che informassimo il vescovo di delle infedeltà e degli abusi liturgici a cui assistiamo. Ma... chi devo informare se il Papa stesso non rispetta la liturgia? Non so cosa fare. Disobbedisco alle indicazioni del nostro Papa emerito?

Non posso sentirmi felice per aver eliminato l’uso della patena e degli inginocchiatoi per i comunicandi, e nemmeno mi può piacere che non ti abbassi mai a dare la comunione ai fedeli, che non chiami te stesso “il Papa”, ma solo “Vescovo di Roma” o che non usi l’anello piscatorio. Però non posso nemmeno lamentarmi, perché tu sei il Papa!

Non mi sento orgogliosa che tu abbia lavato i piedi di una donna musulmana il Giovedì Santo, poiché è una violazione della legge liturgica, ma non posso emettere un pigolio, perché Tu sei il Papa, che rispetto e a cui debbo essere fedele!

Mi ha fatto terribilmente male quando hai punito i Frati Francescani dell’Immacolata, perché celebravano la Santa Messa in rito antico con il permesso esplicito del tuo predecessore nella Summorum Pontificum. E punirli, significa andare contro gli insegnamenti dei Papi precedenti. Ma a chi posso comunicare il mio dolore, tu sei il Papa!

Non sapevo cosa pensare o dire quando ti sei burlato pubblicamente di un gruppo che aveva detto per te dei rosari, chiamandoli “quelli che contano le preghiere”. Essendo i rosari una stupenda tradizione nella Chiesa, cosa debbo pensare io, se al mio Papa non piace e deride chi glieli offre?

Ho tanti amici “pro-life” che pochi giorni fa hai molto rattristato chiamandoli “ossessionati ed ossessivi”. Cosa devo fare? Consolarli, addolcendo falsamente le tue parole o ferirli ancora di più, ripetendo quello che hai detto a loro, per voler essere fedele al Papa e ai suoi insegnamenti?

Alla GMG chiedesti ai giovani di “fare casino per le strade”. La parola “casino”, per quanto ne so, è sinonimo di “disordine”, “caos”, “confusione”. Davvero questo è quello che si vuole che facciano i giovani cristiani nelle strade? Non ci sono già abbastanza confusione e disordine nel mondo?

So di molte donne sole e anziane (zitelle), che sono molto allegre, simpatiche e generose e che davvero si sentirono degli scarti quando dicesti alle religiose che non dovevano avere la faccia da zitelle. Hai fatto sentire molto male le mie amiche e me; mi ha fatto male nell’anima per loro, perché non c’è nulla di male nell’essere rimaste sole e dedicar la vita alle buone opere (di fatto, la solitudine viene specificata come una vocazione nel Catechismo). Cosa devo dire alle mie amiche “zitelle”? Che il Papa non parlava sul serio (cosa che non può fare un Papa) oppure che appoggio il Papa nel fatto che tutte le zitelle hanno una faccia da religiose amareggiate?

Un paio di settimane fa hai detto che “questo che stiamo vivendo è uno dei momenti migliori della Chiesa”. Come può dire questo un Papa quando tutti sappiamo che vi sono milioni di giovani cattolici che vivono in concubinato e altrettanti milioni di matrimoni cattolici dove si usano contraccettivi; quando il divorzio è “il nostro pane quotidiano” e milioni di madri cattoliche uccidono i loro figli non nati con l’aiuto di medici cattolici; quando vi sono milioni di imprenditori cattolici che non sono guidati dalla dottrina sociale della Chiesa, ma dall’ambizione e dall’avarizia; quando vi sono migliaia di sacerdoti che commettono abusi liturgici; quando vi sono centinaia di milioni di cattolici che mai hanno avuto un incontro con Cristo e non conoscono l’essenziale della dottrina; quando l’educazione e i governi sono in mano alla massoneria e l’economia mondiale in mano al sionismo? È questo il momento migliore della Chiesa?

Quando lo hai detto, amato Papa, fui presa dal panico. Se il capitano non sta vedendo l’Iceberg che abbiamo innanzi, è molto probabile che ci schianteremo contro di esso. Ci credi veramente o è solo un modo di dire caro Papa?

Molti grandi predicatori si sono sentiti devastati al sapere che hai detto che ora non bisogna più parlare dei temi dei quali la Chiesa ha già parlato e che stanno scritti nel Catechismo. Dimmi, caro Papa Francesco, cosa dobbiamo fare noi cristiani che vogliamo essere fedeli al Papa ed anche al Magistero e alla Tradizione? Smettiamo di predicare sebbene San Paolo ci abbia detto che bisogna farlo in ogni occasione? La finiamo con i predicatori coraggiosi, li forziamo al silenzio, mentre vezzeggiamo i peccatori e con dolcezza diciamo loro che, se possono e vogliono, leggano il Catechismo per sapere cosa dice la Chiesa?

Ogni volta che parla dei “pastori con odore di pecore”, penso a tutti quei sacerdoti che si sono lasciati contaminare dalle cose del mondo e hanno perso il loro profumo sacerdotale per acquisire un certo odore di decomposizione. Io non voglio pastori con l’odore di pecora, ma pecore che non odorino di sterco, perché il loro pastore le cura e le mantiene sempre pulite.

Qualche giorno addietro hai parlato della Vocazione di Matteo con queste parole: «Mi impressiona il gesto di Matteo. Si attacca al denaro, come dicendo: “No, non a me! Questo danaro è mio!”». Non si può evitare di comparare le tue caro Papa parole con il Vangelo (Mt, 9,9), contro quello che lo stesso Matteo dice della sua vocazione: “Andando via di là, Gesù vide un uomo, seduto al banco delle imposte, chiamato Matteo, e gli disse: “Seguimi”. Ed egli si alzò e lo seguì».

Non riesco a vedere dove sta l’attaccamento al denaro (nemmeno lo vedo nel quadro di Caravaggio). Vedo due narrazioni distinte ed una esegesi sbagliata. A chi devo credere, al Vangelo o al Papa, se voglio essere fedele al Vangelo e al Papa?

Quando hai parlato della donna che vive in concubinato dopo un divorzio e un aborto, dicesti “adesso vive in pace”. Mi domando: può vivere in pace una signora che si è volontariamente allontanata dalla grazia di Dio?

I Papi precedenti, da San Pietro fino a Benedetto XVI, hanno detto che non è possibile incontrare la pace lontani da Dio, però Papa Francesco lo ha affermato. Su cosa mi debbo fondare, sul Magistero di sempre o su questa novità? Devo affermare, a partire da oggi, per essere fedele al Papa, che la pace si può incontrare in una vita di peccato?

Poi hai buttato lì la domanda senza dare risposta su come deve comportarsi un confessore, come se volessi aprire il vaso di Pandora sapendo che ci sono centinaia di sacerdoti che erroneamente consigliano di continuare nel concubinato. Perché il mio Papa, il mio caro Papa, non ci ha detto in poche parole cosa si deve consigliare in casi come questo, invece di aprire il dubbio nei cuori sinceri?

Ho conosciuto il cardinale Bergoglio in modo quasi familiare e sono testimone fedele del fatto che sia un uomo intelligente, simpatico, spontaneo, molto spiritoso e molto acuto. Però non mi piace che la stampa stia pubblicando tutti i tuoi detti e le tue battute, perché non sei un parroco di paese; non sei l’arcivescovo di Buenos Aires; ora sei il Papa! E ogni parola che dici come Papa, acquista valore di magistero ordinario per molti di quelli che ti leggono e ti ascoltano.

Ho già scritto troppo abusando del tuo tempo, mio buon Papa. Con gli esempi che ti ho dato, (sebbene ve ne siano molti altri) credo di aver chiarito il dolore per l’incertezza e la perplessità che sto vivendo.

Solo tu puoi aiutarmi. Ho bisogno di una guida che illumini i miei passi basando su quello che sempre ha detto la Chiesa, che parli con coraggio e chiarezza, che non offenda chi lavora per essere fedeli al mandato di Gesù; che dica “pane al pane, vino al vino”, “peccato” al peccato e “virtù” alla virtù, anche se con questo mette a rischio la sua popolarità. Ho bisogno della tua saggezza, della tua fermezza e chiarezza. Ti chiedo aiuto, per favore, perché sto soffrendo molto.

So che Dio ti ha dotato di una intelligenza molto acuta, cosicché, cercando di consolarmi da sola, ho potuto immaginare che tutto quello che fai e dici è parte di una strategia per sconcertare il nemico, presentandoti davanti a lui con la bandiera bianca e ottenendo così che abbassi la guardia. Ma mi piacerebbe che tu condividessi questa strategia con quelli che lottano al tuo fianco, perché, oltre che a sconcertare il nemico, stai sconcertando anche noi, che non sappiamo più dove sta il nostro quartier generale e dove si trova il fronte del nemico.

Ti ringrazio ancora una volta per tutto il bene che hai fatto e quello che hai detto durante le solennità, quando hai pronunciato omelie e discorsi bellissimi, perché davvero ci sono serviti moltissimo. Le tue parole ci hanno animato e dato l’impulso ad amare di più, ad amare sempre, ad amare in modo migliore, a mostrare al mondo intero il volto amoroso di Gesù.

Ti mando un abbraccio filiale molto amorevole, mio caro Papa, con la certezza delle mie preghiere. Chiedo anche le tue, per me e per la tua famiglia, di cui allego una foto, perché tu possa pregare per noi, conoscendo il nostro viso.

Tua figlia che ti ama e prega ogni giorno per te,

Lucrecia Rego de Planas


fonte:

sabato 17 novembre 2012

Dio ha affidato tutto ad un Magistero...



…] la differenza tra cattolici ed acattolici, per quanto si vogliano fratelli, sta sul piano della fede. Bisogna avere il coraggio di dirlo e di dirlo sempre. Usare tattiche scivolose quanto cortesi, sfumare tutti i contorni in un incerto crepuscolo che abolisca gli aspetti imbarazzanti, non è fare dell'ecumenismo. Esso è tale quando, coll'esercizio di ogni virtù, con tutti i sacrifici personali, con tutta la consistente pazienza, con la più affettuosa delle carità, mette dei termini chiari. Forse che sarebbe un ritorno alla unità piena tra i credenti, quello in cui il cammino venisse percorso lastricato di equivoci e di mezze verità? Ora è chiaro che si deve passare questo ponte - primato romano - e che, se non lo si passa coscientemente, non si raggiunge lo scopo unico e vero dell'ecumenismo. E si delinea il vero pericolo in tale entusiasmante materia. Ecco da chi è rappresentato il pericolo di fare dell'ecumenismo una accozzaglia di dottrine troncate. Ci sono scrittori che, abusando del nome di teologi o della dignità della ricerca, sgranano ad una ad una le verità della fede cattolica, sfaldano, ignorandolo, il Magistero. Essi fanno dubitare di sapere che la verità di Dio è una e perfetta, che negata in un punto - tale è la sua interna logica ed armonia - è giocoforza negare tutto. Non comprendono che Dio ha affidato tutto ad un Magistero, il quale è tanto sicuro e divinamente garantito che si può affermare «quod Ecclesia semel docuit, semper docuit». Forse hanno anche dimenticato che la visibilità della Chiesa e la sua realtà umana non la compromettono affatto, dimostrando la mano di Dio in quello che, affidato a mani umane, non reggerebbe oggi e sarebbe morto da tempo immemorabile. I nostri fratelli ci attendono, ma ci attendono nella luce del giorno, non tra le incerte ombre della notte!

(Cardinale Giuseppe Siri, da «Renovatio», XII (1977), fasc. 1, pp. 3-6)

AVE MARIA!

lunedì 27 agosto 2012

L'amministrazione della S.Comunione ai fedeli, in ginocchio e in bocca. Quest'uso può essere ritenuto non solo di tradizione giudaica e quindi apostolica, ma anche risalente al Signore Gesù.


L'uso di dare la Comunione in bocca può risalire a Gesù?


di Nicola Bux


Il Santo Padre, non solo pronunziò il noto discorso del 22 dicembre sull' interpretazione del concilio ecumenico Vaticano II, che invitava a compiere nel senso della riforma in continuità con la tradizione della Chiesa (Ecclesia semper reformanda), ma lo ha pure messo in pratica nella liturgia. In primis, facendo ricollocare il Crocifisso dinanzi a sè sull'altare, in modo che la preghiera del sacerdote e dei fedeli sia "rivolta al Signore".

Qui però, mi soffermo sulla seconda 'innovazione' di Benedetto XVI: l'amministrazione della S.Comunione ai fedeli, in ginocchio e in bocca. Dico 'innovazione', rispetto al noto indulto che in diverse nazioni consente di riceverla sulla mano.Infatti, si ritiene da non pochi, che solo nella tarda antichità-alto medioevo, la Chiesa d'Oriente e d'Occidente abbia preferito amministrarla in tal modo. Allora, Gesù ha dato la Comunione agli Apostoli sulla mano o chiedendo di prenderla con le proprie mani?

Visitando la mostra del Tintoretto a Roma, ho osservato alcune 'Ultime Cene' in cui Gesù dà la Comunione in bocca agli Apostoli: si potrebbe pensare che si tratti di una interpretazione del pittore ex post, un po' come la postura di Gesù e degli apostoli a tavola nel Cenacolo di Leonardo, che 'aggiorna' alla maniera occidentale l'uso giudaico dello stare invece reclinati a mensa. Però, riflettendo ulteriormente, l'uso di dare la S.Comunione direttamente in bocca al fedele, può essere ritenuto non solo di tradizione giudaica e quindi apostolica, ma anche risalente al Signore Gesù. Gli ebrei e gli orientali in genere, avevano ed hanno ancor oggi l'usanza di prendere il cibo con le mani e di metterlo direttamente in bocca all'amata o all'amico. Anche in occidente lo si fa tra innamorati e da parte della mamma verso il piccolo ancora inesperto.Si capisce così il testo di Giovanni 13,26-27: "Gesù allora gli (a Giovanni) rispose: 'E' quello a cui darò un pezzetto di pane intinto'. Poi, intinto un pezzetto di pane, lo diede a Giuda di Simone Iscariota. E appena preso il boccone il satana entrò da lui". Mons.Athanasius Schneider ha compiuto ottimi approfondimenti nel suo libro Dominus est, Lev 2009.

Che dire però dell'invito di Gesù: "Prendete e mangiate"..."Prendete e bevete" ?
Prendete (in greco: lavete; in latino: accipite), significa anche "ricevete". Se il boccone è intinto, non lo si può prendere con le mani, ma ricevere direttamente in bocca. Vero è che Gesù ha consacrato separatamente pane e vino, ma, se durante il Mistico Convito - come lo chiama l'Oriente - ossia l'Ultima Cena, i due gesti consacratori avvennero, come sembra, in tempi diversi della Cena pasquale - quando gli Apostoli, forse aiutati dai sacerdoti giudaici che si erano convertiti (Atti 6,7) quali esperti diremmo così nel culto, li unirono all'interno della grande preghiera eucaristica - la distribuzione del pane e del vino consacrati fu collocata dopo l'anafora, dando origine al rito di Comunione. Agli inizi, le comunità cristiane erano piccole e i fedeli facilmente identificabili. Con l'estendersi della cristianità, nacquero le esigenze di precauzione: affinchè le sacre specie fossero amministrate con riverenza e evitando la dispersione dei frammenti, che contengono il Signore realmente e interamente. Pian piano prende forma la Comunione sotto le due specie, date consecutivamente o per intinzione.
Infine in occidente, ordinariamente sotto la sola specie del pane, perchè la dottrina cattolica, garante san Tommaso, insegna che il Signore Gesù è tutto intero in ciascuna specie (Catechismo della Chiesa Cattolica 1377).

Però, dai sostenitori della Comunione sulla mano, si fa appello a san Cirillo di Gerusalemme, il quale, chiedendo ai fedeli di fare della mano un trono al momento di ricevere la Comunione, vuol dire che consegnava la specie del pane sulla mano. Ritengo sommessamente che l'invito a disporre le mani in tal modo, possa essere inteso non al fine di riceverla in esse, ma a protenderle, anche inchinando il capo, in un unico atto di adorazione, oltre che per prevenire la caduta di frammenti. Infatti, per l'innato senso del sacro, molto forte in Oriente, si affermava sempre più la riverenza verso il Sacramento con le precauzioni nell'assumere la Comunione in bocca, per molteplici ragioni, tra cui quella di non poter garantire mani pure e in specie la salvaguardia dei frammenti. Questo nella Catechesi Mistagogica 21.
Ciò rende più comprensibile la sentenza di sant'Agostino: "nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; peccemus non adorando". Non si deve mangiare il Corpo del Signore senza averlo prima adorato. Benedetto XVI l'ha richiamata significativamente proprio nel suaccennato discorso sull'interpretazione del Vaticano II e poi nell'Esortazione Apostolica Sacramentum Caritatis 67.

Ancora Cirillo o i suoi successori, nella Catechesi Mistagogica 5,22, invita a "Non stendere le mani, ma in un gesto di adorazione e venerazione (tropo proskyniseos ke sevasmatos) accostati al calice del sangue di Cristo". Di modo che, l'apostolo fa proskinesis, la prostrazione o inchino fino a terra - simile alla nostra genuflessione - protendendo allo stesso tempo le mani come un trono, mentre dalla mano del Signore riceve in bocca la Comunione. Così sembra efficacemente raffigurato dal Codice purpureo di Rossano, risalente tra la fine del V e l'inizio del VI secolo d.C., un Evangelario greco miniato composto sicuramente in ambiente siriaco.
Dunque, non deve meravigliare il fatto che la tradizione pittorica orientale e occidentale,dal V al XVI secolo abbia raffigurato Cristo che fa la Comunione agli apostoli direttamente sulla bocca.
Il Santo Padre, in continuità con la tradizione universale della Chiesa, ha ripreso il gesto. Perchè non imitarlo? Ne guadagnerà la fede e la devozione di molti verso il Sacramento della Presenza, specialmente in un tempo dissacratorio come quello odierno.